O Olubajé é um ritual anual de grande importância no Candomblé.

Significado e origem do nome

A palavra Olubajé tem origem na língua iorubá e significa literalmente “Aquele que aceita comer”  Olú (aquele que), Ba (aceita), Je (comer). Isso simboliza o ato de aceitação do Orixá em compartilhar o alimento com seus filhos e com a comunidade, reforçando o vínculo sagrado entre o divino e os humanos.

O Olubajé é um ritual anual de grande importância no Candomblé, dedicado ao Orixá Obaluaiê (também conhecido como Omolu), senhor da terra, da saúde, da doença e da cura. Essa cerimônia é realizada exclusivamente em casas de Candomblé, sendo obrigatória especialmente onde tenha sido feito um Yawo de Obaluaiê nos últimos sete anos ou quando o zelador da casa seja devoto desse Orixá14.

A lenda do Olubajé

Uma lenda muito conhecida explica a origem do ritual: Xangô, rei vaidoso e poderoso, organizou uma grande festa, mas não convidou Obaluaiê devido à sua aparência marcada pela doença e pobreza, o que o assustava. Os demais Orixás, percebendo a ausência de Obaluaiê, foram pedir desculpas a ele. Inicialmente, Obaluaiê recusou, mas depois propôs que fosse feita uma festa anual, o Olubajé, onde todos os Orixás seriam reverenciados e Xangô se alimentaria aos seus pés, assim como Obaluaiê aos pés de Xangô. Assim, nasceu o ritual que simboliza reconciliação, respeito e equilíbrio entre as forças divinas.

O ritual e sua simbologia

No dia do Olubajé, o terreiro é ornamentado com as cores de Obaluaiê, e todos os participantes devem estar descalços, simbolizando humildade e conexão com a terra. Ao som do adjá, inicia-se um cortejo com panelas de barro contendo as comidas dos Orixás, exceto as de Xangô, que não participam diretamente da mesa. Essas panelas são colocadas sobre uma esteira, formando a mesa do banquete, onde são servidas pelo Babalorixá ou Yalorixá e seus assistentes.

As comidas são servidas sobre folhas de mamona (Ewe Lara), planta venenosa que simboliza a morte (Iku), contrapondo-se à vida representada pelos alimentos. Cada participante come um pouco de cada prato com as mãos, e a comida também é passada pelo corpo em um gesto de purificação e proteção, reforçando a ideia de cura e equilíbrio espiritual.

Durante a cerimônia, cantigas, rezas e palmas pausadas (paó) são entoadas em louvor a Obaluaiê, evocando seu axé e pedindo que ele afaste doenças e pragas, promovendo saúde e longevidade aos presentes. O Olubajé é, portanto, um grande ebó coletivo, um momento de cura e renovação para toda a comunidade.

A importância do Olubajé

Além de homenagear Obaluaiê, o ritual tem a função de organizar as forças espirituais para restabelecer o equilíbrio e o bem-estar dos fiéis e do terreiro. É um momento em que rivalidades e conflitos podem ser resolvidos, e a cura espiritual é buscada coletivamente. A presença dos Orixás da família de Obaluaiê, como Nanã, Oxumarê e Iewá, é fundamental, reforçando a conexão entre vida, morte, terra e renovação.

A preparação para o Olubajé inclui também o Doburú, um rito de proteção realizado antes da festa para fortalecer os filhos de santo e garantir a segurança espiritual durante as incorporações dos mensageiros de Obaluaiê.

Conclusão

O Olubajé é uma cerimônia rica em simbolismo, que une mitologia, música, dança, alimentação ritual e espiritualidade. É um momento de profunda comunhão entre os filhos de santo, os Orixás e a natureza, onde o alimento torna-se veículo de axé e transformação. Celebrar o Olubajé é celebrar a vida, a saúde, a cura e a continuidade da tradição afro-brasileira no Candomblé

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