As Falanges de Trabalho na Umbanda
Fundamentos e Características das Entidades
A Umbanda é uma religião afro-ameríndio-ibérica adaptada a realidade brasileira marcada por um sincretismo complexo sistema espiritual, onde atuam diversas falanges ou linhas de trabalho.
Grupos de espíritos de DIFERENTES TEMPOS, REGIÕES E POVOS, TRABALHANDO NO PLANO ASTRAL e formato de Grupos Falangeiros e operantes não para o ROTULO DO NOME DA RELIGIÃO (Cristianismo, Kardecismo, Espiritismo, Candomblé, Umbanda, Quimbanda, Xamanismo etc.) e sim para ESPIRITUALIDADE.
Cada falange é formada por grupos de espíritos afins, unidos por uma variada vibração energética, que se manifestam nas giras ou sessões mediúnicas para desempenhar papéis específicos de auxílio e orientação espiritual.
Este artigo apresenta uma visão geral das principais falanges incorporadas na Umbanda, suas características e formas de atuação nas práticas religiosas.
O Que São as Falanges?
Na Umbanda, não são os orixás em si que incorporam diretamente nas sessões, mas sim os espíritos falangeiros que trabalham em falanges vinculadas a eles. Importante ter atenção que a espiritualidade não existe verdade absoluta, mas quando o indiivio busca conexao e entendimento Teológico, Teurgico, Teosófico ele encontra a Teogonomia. O sincretismo de tronos onde Divindades emanam uma energia. Coma espiritualidade é sabia e se manifesta de forma ativa. Independente de nome de Instituição religiosa.
Formando forças de atuação magicas (energia canalizada de forma ativa).
Essas forças se manifestam através de falanges são agrupamentos de espíritos evoluídos que vibram em frequências similares, faixas vibratórias diferentes sustentando os trabalhos, cada um nas fusas especialidades e especificações magnéticas sustentando ações magicas e espirituais. E assim e que vêm para colaborar no processo de ativação magica, proteção e desenvolvimento espiritual dos médiuns e assistidos.
Cada falange está associada a uma linha vibratória específica, representando uma dimensão espiritual com características próprias, tanto na forma quanto em seus objetivos e métodos de trabalho.
Importante entender que a Definição ORIXÁ, SANTO, DEUS, DEUSA, DIVINDADE É SICRETICA.
Pois a espiritualidade é sabia e existe um conglomerado de povos de diferentes tempos e locais.
VAMOS ANALISAR O SINCRETISMO:
vou dividir a tabela dos 7 Tronos da Umbanda em 14 linhas correspondentes às divindades que regem cada trono em sua polaridade masculina e feminina, incluindo suas correlações e explicações breves.
Linha | Divindade / Entidade | Trono / Qualidade | Religião ou Sistema Simbólico |
---|---|---|---|
1 | Oxalá (M) | Fé (Masculino) | Umbanda / Yorubá |
2 | Logunan (F) | Fé (Feminino) | Umbanda |
3 | Oxum (F) | Amor (Feminino) | Umbanda / Yorubá |
4 | Oxumaré (M) | Amor (Masculino) | Umbanda |
5 | Oxóssi (M) | Conhecimento (M) | Umbanda / Yorubá |
6 | Obá (F) | Conhecimento (F) | Umbanda |
7 | Xangô (M) | Justiça (M) | Umbanda / Yorubá |
8 | Egunitá (F) | Justiça (F) | Umbanda |
9 | Ogum (M) | Lei (M) | Umbanda / Yorubá |
10 | Iansã (F) | Lei (F) | Umbanda |
11 | Obaluaiê (M) | Evolução (M) | Umbanda / Yorubá |
12 | Nanã Burukê (F) | Evolução (F) | Umbanda |
13 | Omulu (M) | Geração (M) | Umbanda / Yorubá |
14 | Iemanjá (F) | Geração (F) | Umbanda |
Explicações importantes:
Obs. Eu sou consagrado Sacerdote de 3 linhas de umbanda, candomblé e isese lagba.
– Existe uma discussão sobre Logunã e Oroiná – Não quero e não pretendo convencer ninguém porem – Eu entendo que ambas são OYA TEMPO/ LOGUNAN E OROINÁ – OGUNITÁ/OYA FOGO – Para mim não importa o nome e sim o poder de atuação e resultado das ativações quando a forca é trabalhada da forma certa. Pois no culto do candomblé existem varias qualidades do mesmo oriá e na cultura Yorubá são mais de 400 orixás desconhecidos pela ampla maioria dos sacerdotes Brasileiros. Aprendemos esses Orixás quando nos debruçamos no Isese Lagba (Ìṣẹ̀ṣe/Ẹ̀sìn Òrìṣà Ìbílẹ̀ culto tradicional no qual eu tenho grau sacerdotal)
Cada divindade masculina e feminina irradia e regula a energia do trono correspondente, tanto no plano espiritual quanto nos rituais.
Cada trono é associado a uma qualidade divina fundamental (Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução, Geração) e é regido por um par masculino e feminino de orixás da Umbanda.
Esses pares representam o equilíbrio e a polaridade presentes nas manifestações divinas.
Na Umbanda, esses orixás também se relacionam, por sincretismo, com divindades e santos de outras religiões e tradições espirituais do Oriente e Ocidente, como Jesus Cristo, Virgem Maria, Shiva, Osíris, santos católicos como São Jorge, entre outros.
VAMOS APROFUNDAR ESSE TEMA :


Segue uma explicação integrada sobre o sincretismo dos 7 Tronos da Umbanda, com suas origens em diferentes tradições religiosas do Oriente e do Ocidente, e uma tabela comparativa ilustrando as correlações simbólicas entre orixás, divindades e santos das religiões cristã, hindu, budista, egípcia, yorubá, banto, xamânica, celta e druida.
Sincretismo dos 7 Tronos da Umbanda e Tradições Religiosas do Oriente e Ocidente
Na Umbanda, os 7 Tronos Sagrados representam sete aspectos e qualidades fundamentais da manifestação divina, chamados de Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração. Cada trono é regido por um par de orixás (masculino e feminino), que irradiam essas qualidades para o mundo e servem como intermediários entre o Criador (Olorum) e os seres humanos.
Esses tronos expressam vibrações universais, encontradas em diversas religiões do Hemisfério Norte e Sul, do Ocidente e do Oriente, refletindo forças e arquétipos comuns a muitas culturas e sistemas espirituais, criando um rico campo de sincretismo religioso.
Por exemplo:
- Trono da Fé (Oxalá e Logunan) expressa a pureza, a criação e a conexão com o divino, correlacionando-se com Jesus Cristo no Cristianismo, Brahman no Hinduísmo, Amitabha no Budismo e o deus Atum na mitologia Egípcia.
- Trono do Amor (Oxum e Yemanjá) incorpora o amor, a fertilidade e a beleza, aproximando-se de Vênus/Afrodite na mitologia greco-romana, Lakshmi no Hinduísmo, Quan Yin no Budismo e deidades da fertilidade celtas e druidas.
- Trono da Justiça (Xangô e Egunitá) é a energia da ordem e justiça, refletido em São Jorge e São Miguel na Igreja Católica, Yama no Hinduísmo e Budismo, Ma’at no Egito, e deidades solares Banto e xamânicas ligadas ao equilíbrio.
- E assim por diante para os demais tronos, cada um espelhando diversas manifestações espirituais globais.
Esse sincretismo permite que a Umbanda incorpore elementos das tradições africanas, indígenas, europeias e orientais, reforçando seu caráter plural e inclusivo.
Tabela Comparativa Sincrética dos 7 Tronos e Divindades de Diferentes Religiões
Trono / Qualidade | Orixás (Umbanda) | Cristianismo | Hinduísmo | Budismo | Mitologia Egípcia | Mitologia Yorubá / Banto | Xamanismo | Mitologia Celta / Druida |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1. Fé | Oxalá (M), Logunan (F) | Jesus Cristo, Espírito Santo | Brahman (Absoluto), Vishnu | Amitabha (Buda da Luz) | Atum, Rá (deus criador) | Olodumare (deus supremo) | Espírito Criador, Grande Espírito | Dagda, Deus Supremo |
2. Amor | Oxum (F), Yemanjá (F) | Virgem Maria, Santa Teresa | Lakshmi (deusa da fortuna) | Quan Yin (compaixão) | Hathor (deusa do amor) | Oxum (deusa do amor e água) | Deusa mãe, espírito da fertilidade | Brigid (deusa do amor e cura) |
3. Conhecimento | Oxóssi (M), Nana Burukê (F) | São Jerônimo (padroeiro dos estudiosos) | Sarasvati (deusa do conhecimento) | Manjushri (sabedoria) | Thoth (deus da sabedoria) | Orunmila (profeta e sábio) | Pajés e xamãs, mestres do conhecimento | Ogma (deus da eloquência e sabedoria) |
4. Justiça | Xangô (M), Egunitá (F) | São Miguel Arcanjo, Santa Bárbara | Yama (deus da justiça) | Avalokiteshvara (guardião da lei) | Ma’at (deusa da justiça) | Oggun (deus da guerra e lei) | Guardiões espirituais da lei | Lugh (deus da justiça e guerra) |
5. Lei | Ogum (M), Iansã (F) | São Jorge, São Sebastião | Indra (deus dos céus, da ordem) | Kshitigarbha (protege as leis) | Set (deus do caos e ordem) | Ogum (deus guerreiro e da lei) | Guardiões das regras xamânicas | Taranis (deus da lei e trovão) |
6. Evolução | Obaluaiê (M), Nanã Burukê (F) | Santo Onofre, São Roque | Shiva (transformação e regeneração) | Vajrapani (poder e evolução) | Osíris (renascimento) | Orunmila (guia evolutivo) | Espíritos ancestrais da transformação | Arawn (deus da regeneração) |
7. Geração | Iemanjá (F), Omulu (M) | Santa Ana, São Joaquim | Parvati, Durga (mães geradoras) | Tara (mãe compassiva) | Isis (deusa mãe, geradora) | Yemonjá (deusa da fertilidade) | Deusa da fertilidade e abundância | Danu (deusa mãe, fonte da vida) |
Notas Explicativas
- Os Tronos da Umbanda vêm da ideia das sete vibrações divinas, manifestadas em polaridades masculina e feminina, traduzindo diferentes aspectos de Deus manifestados nos orixás.
- Essa categorização abre um espaço para entender sincretismos com santos católicos (ex: São Jorge ≈ Ogum; Santa Bárbara ≈ Iansã), orixás, deidades hindus (ex: Shiva, Vishnu), budistas (Amitabha, Quan Yin), deuses egípcios (Osíris, Ísis), e arquétipos espirituais de culturas indígenas, africanas e européias.
- Muitos desses arquétipos aparecem também na cosmologia xamânica e druidismo, mostrando uma unidade universal no entendimento da divindade, mesmo através de diferentes manifestações culturais e religiosas.
- O sincretismo funciona em múltiplos níveis: ritualístico, simbólico e funcional, refletindo a tendência humana de buscar o divino através de formas acessíveis e integradas culturalmente.
Se desejar, SE APROFUNDAR tenho cursos e treinamentos discipularar de aprofundado e desenvolvimento explicando cada trono, detalhando as principais correspondências sincréticas e suas manifestações em rituais, além de sugerir práticas para integração desses conhecimentos em estudos ou práticas espirituais. Querendo é so enviar mensagem que eu siga com isso?

As Principais Falanges da Umbanda
As Falanges na Umbanda: Visão Geral e Características das Entidades
A Umbanda é uma religião espiritual rica e diversa, composta por várias falanges, que são grupos de espíritos com vibrações semelhantes trabalhando para a caridade, proteção e cura. É importante compreender que, em Umbanda, não são os orixás que incorporam diretamente, mas sim suas falanges, compostas por espíritos evoluídos que atuam sob sua regência.
O Que São as Falanges?
Falanges são agrupamentos espirituais de entidades com características e vibrações similares. Elas aparecem nas giras (sessões mediúnicas) para desenvolver trabalhos específicos que auxiliam os médiuns e consulentes, colaborando com a evolução individual e coletiva.
Cada falange reflete uma linha espiritual distinta, com seu próprio arquétipo, modo de atuação e missão, todos vinculados às forças da natureza e aos orixás, que lhes emprestam energias e atribuições específicas.
Principais Falanges e Suas Características
Pretos Velhos na Umbanda: Sabedoria, Paciência e
Cura.
Origem
Os Pretos Velhos são espíritos de antigos escravos africanos que, em suas vidas terrestres, enfrentaram grandes adversidades, sofrimento e opressão, mas também acumularam muita sabedoria e experiência espiritual. Após a desencarnação, escolheram continuar trabalhando na Umbanda para ajudar e orientar os encarnados, assumindo o papel de guias cheios de humildade e amor.
Missão
Conhecidos como “conselheiros e curadores do coração”, os Pretos Velhos dedicam-se a trazer paciência, serenidade e cura emocional para aqueles que os procuram. Eles são mestres em transmitir ensinamentos de vida, auxiliando na resolução de conflitos internos, no entendimento do sofrimento e na busca pela melhoria das condições espirituais e materiais. Suas mensagens são meditativas e confortadoras, promovendo o equilíbrio emocional e a fé.
Atuação
Nas sessões de Umbanda, os Pretos Velhos incorporam-se em médiuns com calma e tranquilidade, transmitindo paz e segurança. Realizam passes de cura que limpam bloqueios energéticos, fazem benzimentos com ervas sagradas e utilizam o cachimbo como instrumento para defumação e limpeza espiritual, dissipando energias negativas e protegendo os presentes.
Além disso, seus conselhos são profundos e sábios, orientando os consulentes quanto às dificuldades que enfrentam, encorajando a paciência, a humildade e o perdão. Sua presença no terreiro é sempre acolhedora e afetuosa, trazendo conforto e esperança àqueles que buscam auxílio.
Características
- Manifestação: Incorporam-se de forma serena e contida, sem gestos bruscos ou movimentos rápidos.
- Voz: Suave, tranquila e compassada, suas palavras são direcionadas com carinho e sabedoria.
- Traje: Vestem roupas simples, geralmente de cores claras ou brancas, simbolizando pureza, simplicidade e modéstia.
- Postura: Transmitem uma aura de respeito, conforto e segurança, refletindo a experiência adquirida em suas vidas passadas e no plano espiritual.
Importância na Umbanda
Os Pretos Velhos são pilares fundamentais na Umbanda, pois representam os valores da humildade, do respeito e da caridade. São exemplos de superação espiritual e servem como fonte de inspiração e esperança para muitos adeptos da religião. Seu modo de trabalho humaniza a prática religiosa, enfatizando o amor, a paciência e o perdão como caminhos para a evolução pessoal e coletiva.
Caboclos
Caboclos na Umbanda: Guardiões da Natureza e Curandeiros Espirituais
Origem
Os Caboclos são espíritos de indígenas e povos nativos da América. Eles representam a sabedoria ancestral das culturas originárias das florestas, matas e campos, mantendo viva a conexão profunda com a terra, os animais e os elementos naturais. Essas entidades espirituais trazem consigo as tradições, valores e a espiritualidade das comunidades indígenas, que vivem em harmonia com o meio ambiente e respeitam o ciclo da vida.
A missão dos Caboclos é fundamentalmente o crescimento espiritual dos seres humanos, incentivando o amor ao próximo, o respeito à natureza e o equilíbrio entre o corpo, mente e espírito. Eles atuam como mensageiros da espiritualidade que orientam, curam e auxiliam na transformação interior, promovendo a renovação das energias e o fortalecimento da fé.
Além disso, os Caboclos ensinam pelo exemplo da vida simples e harmoniosa com os elementos naturais, mostrando que o respeito e o cuidado com a natureza são caminhos essenciais para o desenvolvimento espiritual. Eles também estimulam a coragem, a força e a perseverança para enfrentar os desafios da existência.
Atuação
Os Caboclos são reconhecidos como curandeiros e conselheiros dentro das práticas religiosas da Umbanda. Utilizam plantas medicinais e ervas sagradas em banhos, defumações (fumigações) e outros ritos de limpeza energética que visam eliminar as influências negativas, purificar os ambientes e revitalizar os corpos físicos e espirituais dos consulentes.
Eles realizam passes energéticos, ajudam a restabelecer o equilíbrio emocional e promovem a saúde espiritual. Seus trabalhos harmonizam o ambiente, auxiliando na resolução de conflitos internos e externos, e na cura das enfermidades espirituais e físicas.
Características
Durante as incorporações nas giras (sessões espirituais), os Caboclos se manifestam com simplicidade e força. São conhecidos por falarem de maneira clara e direta, transmitindo mensagens objetivas e cheias de sabedoria.
Visualmente, destacam-se pelo uso de penachos e adornos típicos indígenas, além do hábito de fumar charutos, que representam sua cultura e ligação com a tradição ancestral. Suas danças são vibrantes, energéticas e simbólicas, espelhando a ligação profunda destes guias com a floresta, a vida selvagem e os ciclos naturais.
Essas manifestações expressem a vitalidade da cultura indígena, estimulando o respeito pela mãe Terra e pelo equilíbrio dos elementos que sustentam a vida.
Resumo Os Caboclos
Entidades originárias de espíritos indígenas e ameríndios das Américas do Sul, Central e Norte, os Caboclos são conhecidos por sua grande conexão com a natureza, a fauna, as plantas e as tradições ancestrais indígenas.
Missão e trabalho: Ensinam o amor ao próximo e à natureza, fortalecendo a fé e fortalecendo o espírito para a superação dos desafios da vida.
Magia e curas: Utilizam ervas para banhos, defumações e tratamentos naturais, promovendo limpeza espiritual e saúde física.
Características: Falam de forma simples e direta, adotam vestimentas típicas indígenas, fumam tabaco, cachimbos, charutos, cigarros de palha.
As Linhas de Curadores e Médicos Espirituais na Umbanda são grupos de entidades espirituais que se especializam em atuarem na cura e harmonização dos aspectos físico, emocional e espiritual dos consulentes. Essas linhas são compostas por espíritos que, em suas vidas encarnadas, tiveram experiência direta na medicina ou em práticas de cura, ou que desenvolveram habilidades específicas para trabalhar energeticamente promovendo equilíbrio e saúde espiritual.
Características Gerais
- Origem e perfil dos espíritos: Muitas dessas entidades foram médicos, enfermeiros, parteiras, curandeiros, xamãs, pajés, feiticeiros benignos, e até religiosos dedicados à caridade e ao cuidado dos doentes durante sua vida terrena. Também fazem parte espíritos ligados à linha do Oriente, que possuem conhecimentos esotéricos e medicinais, como monges, hindus, chineses, japoneses, além de pretos-velhos, caboclos e africanos dotados de dom para a cura.
- Regência espiritual: Essas linhas recebem principalmente a influência dos orixás Oxalá e Obaluaê, que são fortemente relacionados à pureza, cura, proteção e regeneração. Alguns grupos recebem também a irradiação da Linha do Oriente e da Fraternidade Branca.
- Modos de atuação: Os curadores utilizam passes espirituais (imposição de mãos), energização pelo fluido vital, aplicação de ervas, defumações, cromoterapia, uso de água e minerais, além de orações, rezas e cantos específicos. O objetivo principal é equilibrar o campo energético, remover bloqueios espirituais, desobsessão e auxiliar na recuperação da saúde.
Exemplos de Linhas de Curadores e Médicos Espirituais
Linha Médica Espiritual
- Composta por espíritos que foram médicos e profissionais da saúde em suas vidas.
- Atuantes em giras específicas, esses espíritos aplicam conhecimentos espirituais e naturais para tratar doenças, promover alívio da dor e auxiliar na cura física e espiritual.
- Utilizam métodos como a imposição de mãos energéticas, manipulação de fluidos espirituais, além do uso de ervas medicinais adaptadas ao tratamento espiritual.
Linha dos Pretos-Velhos Curadores - Espíritos de ancestrais negros, sábios e pacíficos, que utilizam ervas, passes e rezas para curar dores emocionais, espirituais e até algumas doenças físicas.
- São mestres na paciência e na orientação, trazendo conforto e ensinamentos que promovem o equilíbrio interior.
Linha dos Caboclos Curandeiros - Espíritos de indígenas e trabalhadores rurais ligados à natureza e à sabedoria ancestral das plantas medicinais.
- São especialistas em banhos de ervas, defumações e orientações para o autoconhecimento que auxiliam na cura integral.
Linha do Oriente – Médicos e Curadores - Espíritos com conhecimentos esotéricos e médicos milenares oriundos da Ásia, como monges, xamãs e curandeiros.
- Utilizam técnicas como cromoterapia, uso de minerais, meditação espiritual e orações específicas para fortalecer e equilibrar a energia dos consulentes.
Exus Médicos - Espírito de curadores que, embora ligados à linha dos Exus, atuam especialmente na abertura de caminhos para a cura e na remoção de obstáculos energéticos ligados à saúde.
Importância na Prática Religiosa
- As linhas de curadores espirituais são fundamentais para o atendimento integral dos consulentes. Elas atuam de forma complementar à medicina convencional, nunca substituindo, mas sim auxiliando na recuperação da saúde física, emocional e espiritual.
- Nos trabalhos mediúnicos, as entidades dessas linhas promovem a limpeza energética (descarrego), equilibram os corpos sutis e orientam sobre hábitos e práticas que favoreçam a saúde integral.
- Muitos centros realizam giras médicas espirituais voltadas exclusivamente para esse tipo de atendimento, com relatórios, protocolos e uma abordagem que exige comprometimento do paciente com sua cura física e espiritual.
Manifestação Mediúnica e Atendimento
- As incorporações das entidades dessas linhas são geralmente serenas, suaves e equilibradas, favorecendo a transmissão de passes de cura e orientações claras.
- Utilizam instrumentos simbólicos (como ervas, pedras, velas) e cantam pontos específicos que elevam a vibração energética do ambiente.
- Também podem trabalhar à distância, por meio de energia dirigida e à base de fotos, nomes ou objetos pessoais.
Complementaridade com Outras Linhas
As linhas de curadores e médicos espirituais dialogam com outras linhas da Umbanda que trabalham na proteção, limpeza e destruição de energias negativas, como a Linha dos Boiadeiros, dos Malandros, dos Exus e dos Pretos Velhos, formando um sistema integrado de atendimento espiritual.
Os espíritos médicos e curadores manifestam suas habilidades nas giras espirituais da Umbanda e de outras religiões mediúnicas por meio de diversos processos que envolvem a incorporação mediúnica, passe energético, diagnóstico espiritual e intervenções sutis no campo energético do consulente. Essas manifestações são fruto da experiência que esses espíritos acumulavam em suas vidas encarnadas sejam médicos, curandeiros, xamãs, monges ou outras figuras ligadas ao cuidado agora potencializadas no plano espiritual.
Como ocorre a manifestação e atuação dos espíritos médicos e curadores nas giras
- Incorporação mediúnica: Muitas vezes, os mentores de cura incorporam nos médiuns para realizar passes espirituais e até procedimentos energéticos que se assemelham a cirurgias espirituais, utilizando as mãos do médium para manipular o campo energético, removendo bloqueios e doenças espirituais. Essa incorporação geralmente é serena e controlada, podendo ser discreta, com o médium atuando como verdadeiro canal do espírito.
- Visão espiritual e diagnóstico energético: Os espíritos desenvolvem a clarividência ou “visão espiritual” para identificar as causas reais das doenças, tanto no corpo físico quanto no emocional, e indicam tratamentos espirituais, que podem incluir banhos, defumações, rezas, mudanças de hábitos, uso de ervas medicinais e dicas de alimentação para ajudar na cura integral.
- Trabalho em equipe espiritual: Muitas vezes, a cura envolve equipes de espírito médicos, enfermeiros, assistentes e até anestesistas espirituais, que atuam coordenadamente sobre o paciente para melhorar sua saúde, reforçando a ideia de “hospital espiritual”. Essas equipes compõem a “linha médica espiritual” na Umbanda e no Espiritismo.
- Uso do fluido vital (ectoplasma): Os médiuns doadores irradiam fluido vital utilizado pelos espíritos para consolidar procedimentos como cirurgias espirituais e passe energético, tornando a cura efetiva. O médium é um canal energético, mas a força e eficácia vêm do espírito médico.
- Rituais e passes complementares: A atuação dos médicos espirituais pode ser antecedida ou acompanhada por rituais que envolvem defumação com ervas, velas, incensos e a execução de pontos cantados ou preces específicas que elevam a vibração do ambiente e das pessoas envolvidas. Esses elementos auxiliam a limpeza energética necessária para a cura.
- Orientações pós-trabalho: Além da intervenção espiritual durante a gira, os mentores também fornecem recomendações para que o paciente mantenha hábitos saudáveis, como dietas específicas e abstinência de vícios, para potencializar o efeito do tratamento espiritual e garantir a restauração da saúde.
- Ações intuitivas e espiritualizadas: Em alguns casos, a manifestação acontece pela intuição do médium, sem a incorporação plena, onde os espíritos orientam o trabalho, indicam tratamentos e liberam energias de cura de forma indireta.
- Psicografias e orientações adicionais: Alguns mentores utilizam a psicografia para passar receitas, orientações e mensagens espirituais que auxiliam na cura física e espiritual dos consulentes.
Forma de incorporação e manifestação
- Geralmente, a incorporação é calma e focada, evitando manifestações exageradas ou desequilibradas que poderiam perturbar o ambiente da gira.
- O médium pode realizar movimentos suaves de imposição de mãos, realizar passes energéticos no doente e dar palavras de conforto e orientação.
- Em casos de cirurgias espirituais, pode haver a simulação de procedimentos como cortes, raspagens ou punções feitas energeticamente, que são percebidos pelo paciente como alívio de dores ou limpeza.
Exemplo de entidades e linhas que atuam como médicos e curadores
- Guia espiritual conhecido: Espírito Dr. Fritz, reconhecido pela atuação em cirurgias espirituais.
- Linha dos Pretos Velhos: curadores amorosos que trabalham com ervas e passes suaves.
- Linha dos Caboclos: especialistas em plantas medicinais e cura energética.
- Linha do Oriente: monges e sábios que atuam com técnicas holísticas e esotéricas.
- Outros curadores podem atuar diretamente na linha médica espiritual, que reúne espíritos com conhecimentos profissionais e espirituais para a cura.
Essas formas de manifestação são fundamentais para o fortalecimento da fé dos praticantes e para o auxílio integral à saúde dos consulentes. Elas complementam a medicina convencional, atuando na cura das causas espirituais e emocionais dos males físicos e psíquicos, promovendo equilíbrio, conforto e esperança.

Espíritos Europeus nas Manifestações da Umbanda e do Espiritismo: A Influência dos Migrantes, Filósofos e Magos
Nas práticas mediúnicas brasileiras, como a Umbanda e o Espiritismo, manifesta-se uma pluralidade de espíritos provenientes de diversas origens culturais e históricas. Entre eles, destacam-se não apenas os espíritos de Portugal, Espanha, França e Itália países que exerceram profunda influência na formação cultural e religiosa do Brasil , mas também os que representam migrantes, pensadores, magos e sabedores das antigas rezas, orações e magias de cura da tradição europeia.
Essas entidades carregam um rico legado espiritual que permeia suas manifestações, combinando o saber popular, científico, filosófico e espiritual, beneficiando as práticas mediúnicas e enriquecendo o sincretismo religioso brasileiro.
Contexto Histórico e Presença Europeias no Brasil
A colonização portuguesa e espanhola e as sucessivas ondas migratórias europeias que marcaram o Brasil introduziram não apenas novas culturas e línguas, mas também um vasto repertório espiritual. Muitos migrantes italianos, espanhóis, franceses e outros europeus deixaram suas marcas nas comunidades rurais, urbanas e religiosas, internalizando tradições populares que reverberam até hoje
no mundo espiritual da Umbanda e do Espiritismo.
Esses migrantes, na condição de trabalhadores, camponeses, artesãos e intelectuais, trouxeram saberes místicos, técnicas de cura com ervas, rezas poderosas e rituais que ainda hoje se manifestam por meio de seus espíritos. Além disso, filósofos e magos do passado europeu adicionaram dimensão racional, estudiosa e mágica aos trabalhos espirituais aqui realizados, somando à profundidade simbólica da religião.
Os Semirombas na Umbanda são espíritos elevados de caridade, ligados a tradições muito antigas, com forte influência da religiosidade católica e dos franciscanos, particularmente associada a figuras como São Francisco de Assis. O termo “semiromba” tem origem possivelmente sânscrita e significa algo como “homem puro” ou “santo”. Essas entidades atuam em falanges elevadas próximas à linha de Oxalá, representando a espiritualidade mais pura, ligada ao amor, à caridade e à natureza.
Quem são os Semirombas?
- São espíritos de elevada luz e pureza, que remetem a santos e frades católicos, sobretudo da Ordem Franciscana, como São Francisco de Assis, São Benedito e Santo Antônio.
- Diferentemente de outras linhas, os Semirombas não incorporam diretamente nos médiuns; eles atuam por meio de entidades que vêm em nome deles ou pela influência espiritual, por isso sua presença é mais sentida na forma de coordenação espiritual, rezas, pontos e trabalhos de energia.
- Trabalham com rezas, orações, defumações e bênçãos para proteção, cura, limpeza espiritual e fortalecimento da fé.
- São responsáveis por introduzir e reforçar muitos rituais na Umbanda, como o uso da defumação antes dos trabalhos, batizados, casamentos e outras cerimônias, em paralelo à disciplina e organização dos terreiros.
Características e Relações Religiosas
- A linha dos Semirombas tem forte vínculo com a religiosidade católica tradicional brasileira e europeia, trazendo uma organização semelhante às ordens sacerdotais católicas quanto à disciplina e usos de vestimentas e ritos.
- Seus cantos e pontos cantados são lentos e próximos às ladainhas e preces católicas tradicionais, refletindo uma espiritualidade sacra e estruturada.
- Dentro dos terreiros, as influências dos Semirombas podem aparecer na figura de caboclos, pretos-velhos ou raramente em sessões dedicadas especialmente a eles.
- São também associados a uma irmandade espiritual que se une em correntes de oração, reforçando a ideia de trabalho coletivo e orante para o combate de energias negativas e proteção dos fiéis.
Frades, Freis e Freiras na Umbanda (ligados aos Semirombas)
- A presença de frades, freis e freiras em algumas tradições umbandistas está muito ligada à influência dos Semirombas, refletindo a espiritualidade católica de humildade, serviço e caridade.
- Esses espíritos geralmente se apresentam com vestes religiosas, hábitos franciscanos ou similares, simbolizando a devoção e o compromisso com a fé e o auxílio ao próximo.
- São conhecidos por serem pacíficos, sábios e dedicados à cura espiritual, trabalhando através de rezas, orações e benzeduras, sem manifestações corporais fortes, valorizando mais o trabalho mental e espiritual.
- Eles atuam como guias que encaminham as almas, ajudam na reorganização energética dos ambientes e provêm proteção espiritual para o terreiro e seus frequentadores.
Relação com Outras Linhas
- Os Semirombas não formam uma linha isolada na Umbanda mas atuam próximos às falanges ligadas a Oxalá, além de influenciarem o ambiente espiritual de várias linhas por sua energia pura e pacificadora.
- Também possuem forte ligação com os chamados Sakáangas, espíritos que atuam na proteção contra feitiçaria, trabalhos negativos e que trabalham por meio de orações e rezas, não incorporando, mas colaborando energeticamente.
- Essa irmandade espiritual requer grupos e correntes de oração para que seus trabalhos sejam eficazes, reafirmando a importância da coletividade e da disciplina espiritual para seus feitos.
Se desejar APROFUNDAR, temos um material mais detalhado sobre os Semirombas, como seus rituais específicos, pontos cantados e histórico na Umbanda, ou sobre as figuras de frades, freis e freiras e sua atuação na espiritualidade afro-brasileira. Se quiserem só enviar uma mensagem te enviamos o link
Espíritos Migrantes Portugueses, Italianos, Espanhóis e Franceses
Espíritos de Migrantes Portugueses no Brasil Colônia: Exilados, Reprimidos e Suas Manifestações Espirituais na Umbanda e no Espiritismo atemporal.
Durante o período colonial brasileiro (séculos XVI a XIX), Portugal enviou para o Brasil não só colonos voluntários, mas também diversos grupos deportados e exilados, como judeus, pessoas acusadas de bruxaria e feitiçaria, ciganos e outros considerados “indesejáveis”. Muitos desses condenados à morte ou à degredo foram obrigados a recomeçar suas vidas na nova colônia, onde suas histórias, culturas e espiritualidades se entrelaçaram com as tradições indígenas e africanas.
No plano espiritual, as entidades que guardam a memória e a força desses migrantes reprimidos se manifestam especialmente nas religiões brasileiras, como a Umbanda e o Espiritismo, e representam uma parcela importante da diversidade espiritual que compõe essas crenças.
Contexto Histórico: Deportação e Degredo(Exílio ou banimento como forma de punição) no Brasil Colonial
Portugal utilizava o degredo condenação ao exílio forçado como pena para criminosos, subversivos, hereges e outros considerados perigosos para a ordem da metrópole, prática muito comum entre os séculos XVI e XVIII. Entre os deportados para o Brasil estavam:
- Judeus e cristãos-novos, perseguidos pela Inquisição portuguesa, que buscavam escapar da repressão religiosa e social.
- Acusados de bruxaria e feitiçaria, muitas vezes mulheres e homens marginalizados, submetidos a julgamentos severos.
- Ciganos, vistos com desconfiança, forçados a migrar para longe da Europa.
- Outros criminosos comuns, devedores, vadios e dissidentes políticos.
A região da Amazônia e outras áreas remotas frequentemente recebiam essas pessoas, que eram obrigadas a cumprir penas duras e condições precárias, mas que construíram comunidades e influenciaram a formação cultural e espiritual do Brasil.
A Presença e o Legado Espiritual dos Migrantes Portugueses
Espíritos de Judeus e Cristãos-Novos
Na espiritualidade afro-brasileira e no espiritismo, os espíritos de judeus deportados aparecem associados à sabedoria antiga, às tradições místicas e às práticas de cura e rezas poderosas. São entidades que carregam o peso da perseguição e a resistência cultural, manifestando-se como guias que protegem contra o preconceito espiritual e oferecem ensinamentos de perseverança e fé.
Espíritos de Bruxos, Feiticeiros e Conhecedores da Magia Popular
Esses espíritos representam práticas ancestrais de magia, cura e manipulação energética, incorporando conhecimentos ocultos que foram reprimidos ou perseguidos historicamente na Europa. Em suas manifestações na Umbanda, por exemplo, podem atuar como entidades protetoras e curandeiras, utilizando rezas, banhos de ervas e magias benignas para limpeza e fortalecimento espiritual, refletindo a sabedoria popular portuguesa mesclada com as tradições afro-indígenas.
Espíritos de Ciganos Portugueses
Os espíritos ciganos trazem a cultura de liberdade, dança, música, misticismo e sabedoria ancestral, manifestando-se com presença vibrante e protetora. Na Umbanda e no Espiritismo, eles aparecem como falanges especializadas em proteção, amor e prosperidade, muitas vezes associadas a rituais que envolvem velas, defumações e pontos cantados específicos.
Outras Entidades Portuguesas
Outros grupos de migrantes portugueses, tais como camponeses, trabalhadores, artesãos e religiosos, também compõem os conjuntos de espíritos que influenciam as práticas mediúnicas brasileiras. Eles trazem tradições repletas de orações católicas, filosofias, ritos de cura e ajuda espiritual, que dão suporte à comunidade espiritual sincrética que caracteriza a Umbanda e o Espiritismo.
Manifestações na Umbanda e no Espiritismo
Na Umbanda
- Espíritos portugueses aparecem em falanges de pretos-velhos, caboclos e ciganos, com traços culturais que refletem sua origem europeia.
- A presença deles se caracteriza pela mistura do catolicismo popular europeu com práticas e símbolos africanos e indígenas.
- Utilizam orações tradicionais, rezas, defumações e magias de cura que têm raízes tanto na Europa quanto na tradição afro-brasileira.
- Representam a resistência espiritual das pessoas marginalizadas e reprimidas no período colonial, e oferecem proteção contra forças negativas e orientação para a perseverança.
No Espiritismo
- Espíritos de migrantes portugueses e europeus geralmente se manifestam como guias calmos, sábios, trazendo ensinamentos com base na filosofia kardecista.
- Raramente incorporam, preferindo atuar como conselheiros e orientadores, transmitindo luz e esclarecimento.
- São associados a valores de caridade, justiça e evolução moral, dialogando com as raízes cristãs do movimento espírita.
A Influência Cultural e Espiritual na Formação das Religiões Brasileiras
A confluência das experiências e saberes dos migrantes portugueses deportados com as culturas africanas e indígenas resultou em um sincretismo rico e complexo, que deu origem às manifestações culturais e espirituais modernas do Brasil.
A presença espiritual desses migrantes é parte fundamental da diversidade que compõe o panteão e as falanges de espíritos da Umbanda, onde culturas, histórias e rezas se unem para formar um sistema religioso plural, inclusivo e vibrante.
Os espíritos de migrantes portugueses deportados para o Brasil colonial judeus, bruxos, feiticeiros, ciganos e outros representam uma dimensão espiritual importante na Umbanda e no Espiritismo. Suas histórias, sofrimento e conhecimentos foram incorporados ao universo espiritual brasileiro, conferindo riqueza, profundidade e diversidade às religiões mediúnicas.
Reconhecer esses espíritos é valorizar a complexidade da formação cultural do Brasil e compreender que a espiritualidade que cultuamos hoje é fruto de muitas vozes, caminhos e ancestrais que ainda nos guiam e protegem.
Exílio dos Judeus Cabalistas e Essênios Portugueses no Brasil Colonial: Perseguição, Resistência e Manifestação Espiritual
Durante o período colonial brasileiro, iniciado no século XVI com a chegada dos portugueses, ocorreram diversas ondas de exílio e deportação de grupos religiosos e étnicos indesejados pela Coroa Portuguesa, entre eles os judeus cabalistas e possivelmente membros da tradição essênia, que foram severamente perseguidos pela Inquisição. Esses grupos deixaram profundas marcas históricas e espirituais no Brasil, especialmente na região nordeste, como Pernambuco, e suas memórias refletem-se nas manifestações religiosas sincréticas, como a Umbanda, e nas práticas mediúnicas do Espiritismo.
A Perseguição na Península Ibérica e o Exílio Colonial
Em 1492, a Espanha expulsou os judeus sefaradis que recusaram a conversão ao cristianismo, levando milhares a buscar refúgio inicialmente em Portugal. No entanto, em 1497, Portugal instituiu a conversão forçada para o cristianismo católico, seguida pela Inquisição (fundada em 1536), que perseguia cripto judeus aqueles que secretamente mantinham práticas judaicas, muitas vezes cabalísticas, e possivelmente práticas associadas aos essênios, conhecidos por sua vida comunitária e uso de textos místicos.
Como consequência, muitos judeus cabalistas foram forçados a fugir, e grande parte foi deportada ou exilada para as colônias portuguesas, especialmente o Brasil, onde passaram a viver como cristãos-novos, mantendo em segredo suas tradições esotéricas, mágicas e espirituais.
A Presença dos Judeus Cabalistas no Brasil Colonial
- Cristãos-Novos e cabalistas secretos: No Brasil, especialmente durante o domínio holandês no Nordeste (1630-1654), houve maior liberdade religiosa, permitindo que judeus praticassem abertamente o judaísmo e a Cabala. Após o retorno dos portugueses, a Inquisição voltou a atuar, levando à repressão e dispersão dos judeus e cabalistas.
- Comunidades e rituais: Esses grupos mantinham cultos secretos, utilizando práticas cabalísticas para proteção espiritual, cura e orientação, que eventualmente se misturaram às tradições indígenas e africanas, dando origem a um sincretismo religioso.
- Influência Essênia: Embora menos documentada, acredita-se que ensinamentos ligados aos essênios uma seita judaica mística e comunitária que valorizava pureza, cura e espiritualidade também tenham tido sobreviventes e reflexos nos cultos sincréticos brasileiros.
Deportação e Presença de Ciganos, Bruxos e “Feiticeiros”
Além dos judeus cabalistas, Portugal deportou para o Brasil ciganos, acusados de práticas mágicas e simpatizantes de saberes pré-cristãos, julgados como feiticeiros. Esses grupos contribuíram com seus conhecimentos em cura, orações, magia popular e práticas ocultas, enriquecendo o cenário espiritual das terras coloniais e posteriormente as religiões afro-brasileiras.
Legado Espiritual e Cultural
- Manifestação nas religiões afro-brasileiras: Muitas das práticas cabalísticas e esotéricas foram incorporadas secretamente à Umbanda e ao Espiritismo, religiões que floresceram no Brasil e valorizam a mediunidade, cura espiritual e sincretismo.
- Expressões sincréticas: O sincretismo religioso brasileiro permitiu que elementos judaicos, cristãos e indígenas fossem integrados com as cultua africanas, manifestando-se em falanges espirituais, rituais e pontos cantados que incorporam rezas, orações e símbolos de proteção.
- Influência nas falanges de pretos-velhos, caboclos e espíritos europeus: Espíritos de origem judaica ou com conhecimentos cabalísticos podem se manifestar em trabalhos espirituais de cura, proteção e orientação, atuando com sabedoria ancestral.
Considerações Históricas e Espirituais
A história desses exilados é marcada por sofrimento, resistência e adaptação. A perseguição na Península Ibérica e a fuga para o Brasil mostraram a determinação desses povos em preservar suas crenças e saberes, mesmo sob risco de morte.
Na atualidade, o reconhecimento dessa herança contribui para a valorização das tradições espirituais plurais brasileiras, refletindo a profunda miscigenação e complexidade cultural do país.
Se desejar, posso ampliar o texto com detalhes específicos sobre a cabala na diáspora sefardita, relatos históricos de deportação, práticas espirituais cabalísticas adaptadas à Umbanda/Espiritismo, ou material didático para cursos sobre o tema. Quer seguir com alguma dessas opções?
Fontes utilizadas baseiam-se em históricas documentadas sobre os judeus sefarditas e cristãos-novos em Portugal e Brasil, além de estudos sobre sincretismo religioso e espiritualidade afro-brasileira.
Migrantes Italianos
Os espíritos de italianos chegam ao plano espiritual trazendo a cultura das montanhas, do trabalho agrícola e das pequenas comunidades. São conhecidos por seu profundo conhecimento em práticas curativas naturais, uso de ervas medicinais, e sabedoria ligada ao respeito ancestral. Muitos atuam como curandeiros, oferecendo orientações espirituais e práticas para a harmonia física e psíquica.
Migrantes Espanhóis
Os espíritos de origem espanhola trazem tradições ricas em devoção católica e manifestações esotéricas, como a veneração a santos populares e o uso de orações poderosas. Eles são associados a práticas de proteção, bênçãos e ritos tradicionais que abrem caminhos e afastam as adversidades, usando rezas e fórmulas que foram transmitidas por gerações.
Espíritos Franceses
Franceses, especialmente ligados ao Espiritismo, são frequentemente apresentados como guias calmos e racionais — médicos, pesquisadores, filósofos e intelectuais do século XIX, que mantêm a filosofia kardecista ativa no Brasil. Esses espíritos guiam pelo esclarecimento, pela elevação moral e pela prática da caridade, muitas vezes compartilhando ensinamentos no estudo da mediunidade e da evolução espiritual.
Filósofos e Magos: Conhecedores das Rezas, Orações e Magias de Cura
Além dos migrantes, muitas entidades que se manifestam na Umbanda e no Espiritismo representam espíritos que foram filósofos ou magos nas suas vidas terrenas. Tais espíritos são detentores de conhecimentos profundos sobre as forças ocultas, energetizadoras e curativas, e trazem consigo a bagagem das antigas tradições esotéricas europeias.
Sabedores das Rezias e Orações
Esses espíritos possuem domínio sobre as rezas e orações históricas que combinam a fé com o poder vibracional e simbólico do verbo. Utilizam essas ferramentas para:
- Fazer proteção espiritual.
- Favorecer a cura física e emocional.
- Realizar trabalhos de limpeza energética.
- Auxiliar na harmonização de ambientes e pessoas.
Oraculistas, Magos e Alquimistas
Outros espíritos manifestam-se como magos e alquimistas, conhecedores de antigas práticas de transmutação energética e uso ritualístico de plantas, pedras e símbolos. Sua atuação na Umbanda e Espiritismo enriquece os rituais com conhecimentos que ultrapassam a dimensão física, abrindo portas para a cura multidimensional e o equilíbrio espiritual.
Manifestações na Umbanda: Sincretismo e Adaptação
Na Umbanda, esses espíritos europeus se adaptam ao universo sincrético da religião, misturando suas energias às falanges de caboclos, pretos-velhos, ciganos e demais entidades. É comum que:
- Pretos-velhos ou caboclos se apresentem com vestimentas e costumes dos camponeses italianos, espanhóis ou franceses.
- Espíritos tragam na fala e nas cantigas o sotaque e o linguajar das tradições europeias, combinando-os com elementos africanos e indígenas.
- Manifestem orações católicas tradicionais mescladas com pontos cantados afro-brasileiros.
- Bajulem o uso de velas, defumações, ervas medicinais e orações europeias, integrando esses elementos à fé brasileira.
Espíritos Europeus no Espiritismo: Foco na Filosofia e na Caridade
No Espiritismo, as manifestações europeias mantêm maior ligação com o aspecto racional e filosófico. Os espíritos que inspiram os trabalhos espíritas são:
- Médicos, cientistas, religiosos e pedagogos históricos europeus.
- Guias que promovem o estudo, o desenvolvimento moral e os avanços do conhecimento espiritual.
- Orientadores que aconselham a prática sincera da caridade e o respeito às leis divinas.
Eles evitam aspectos mágicos ou rituais sincréticos da Umbanda, preferindo atitudes didáticas, orientações claras e pacíficas.
A Importância dos Espíritos Europeus e Sua Sinergia no Brasil
A diversidade de espíritos europeus que se manifestam amplia o campo espiritual brasileiro, proporcionando:
- Uma interação cultural rica, entre fé, magia, ciência e filosofia.
- O fortalecimento da espiritualidade plural, que respeita ancestrais africanos, indígenas e europeus.
- A aproximação das tradições do velho mundo à realidade contemporânea, ajudando na cura, proteção e evolução dos praticantes.
- Um canal para a veneração dos valores universais como amor, justiça, caridade e fé.
A presença dos espíritos europeus migrantes portugueses, espanhóis, italianos, franceses, filósofos, oraculistas, médicos espirituais, e magos enriquece as manifestações espirituais das religiões afro-brasileiras e do Espiritismo. Eles trazem saberes ancestrais, práticas curativas, orações e filosofias que se amalgamam em um rico diálogo espiritual, promovendo cura, proteção e esclarecimento.
Nos terreiro e nas sessões espíritas, essa diversidade demonstra como a espiritualidade brasileira é um mosaico vibrante de culturas e tradições que caminham lado a lado, fortalecendo a fé e a transformação espiritual do povo.
A linha dos Ciganos na Umbanda é uma das manifestações espirituais mais vibrantes, alegres e carregadas de símbolos e tradições típicas do povo cigano. Trata-se de uma falange de espíritos com forte ligação à liberdade, ao desapego, à alegria de viver, ao amor e à prosperidade, que atuam principalmente para auxiliar no equilíbrio emocional, na cura espiritual, na proteção e no progresso material dos consulentes.
Origens e Características da Linha Cigana
- Origem espiritual: Espíritos que vivem a cultura cigana ancestral, com forte identidade nômade, valorizando a liberdade sem amarras e o respeito à própria essência.
- Mensagem essencial: Reavivar a cultura da liberdade, incentivando o desprendimento de situações, a coragem para mudanças e o uso do livre arbítrio em busca do crescimento pessoal e espiritual.
- Aparência nas giras: Os guias ciganos geralmente se apresentam com roupas típicas da cultura cigana, adornos coloridos, lenços, brincos, e trazem em suas manifestações objetos mágicos, como baralho cigano, cristais, adagas simbólicas e pedras energetizadoras.
- Referências espirituais: São ligados a orixás diversos, pois têm uma energia plural e adaptativa, e reverenciam muito Santa Sara Kali, considerada a padroeira do povo cigano na Umbanda.
- Cultura e poderes: Os ciganos espirituais são reconhecidos pelo domínio em magia branca natural, simpatias, orações, rituais de cura, defumações e banhos preparados com ervas que elevam a energia e promovem transformações.
Funcionamento e Finalidade
- Trabalham para promover o bem-estar, a harmonia nos relacionamentos, abrir caminhos financeiros, afastar negatividades e auxiliar no autoconhecimento e na libertação das amarras emocionais.
- São muito carismáticos, assertivos e confiantes, trazendo segurança para quem os invoca.
- A linha cigana está ainda associada a um grande amor pela arte, música, dança, vinhos, tecidos finos, ouro e prata, refletindo o apreço pela beleza e pela celebração da vida.
- Dentro do terreiro, as incorporações costumam contagiar com alegria, danças vibrantes e pontos cantados que narram as tradições ciganas.
Diferença em Relação a Outras Linhas
Apesar de algumas semelhanças superficiais, a linha dos Ciganos na Umbanda é distinta da Linha do Oriente. Os ciganos enfatizam especialmente a liberdade prática e o desapego em termos de vida e situações cotidianas, enquanto a Linha do Oriente tem um enfoque mais espiritual e metafísico sobre o desapego.
Oferendas e Símbolos
- As oferendas aos ciganos geralmente incluem vinhos, licores finos, frutas específicas, doces, velas coloridas, cristais e flores.
- Elementos como o baralho cigano são usados tanto simbolicamente quanto para oráculos e guia espiritual.
- A energia presente é um bálsamo para os que sentem necessidade de movimento, mudanças e liberdade em suas vidas.
A linha dos Ciganos representa um arquétipo poderoso na Umbanda, que valoriza a alegria, o amor, a liberdade e a prosperidade, trazendo ensinamentos para que possamos nos libertar das cadeias invisíveis que limitam o nosso crescimento. Trabalhar com essa falange é mergulhar numa cultura antiga e rica, que inspira transformação, cura e celebração.
Santa Sara Kali, como guia e protetora, conduz esses espíritos, mantendo viva a chama da tradição e do mistério desse povo nômade e cheio de luz.
Para aprofundar ainda mais o estudo sobre os clãs ciganos, suas tribos, hábitos e costumes especialmente com foco no contexto da Umbanda é essencial mergulhar em suas raízes históricas, complexidade social, diversidade de tradições, clãs espirituais e a riqueza que oferecem para a cultura religiosa brasileira.
Origem e História dos Povos Ciganos
Os ciganos têm origem na região do noroeste da Índia, migrando a partir do século IX-X devido a pressões políticas e perseguições religiosas. Da Índia, seguiram por rotas através da Ásia Central, Oriente Médio e Norte da África até chegar à Europa no século XIV, especialmente através do Império Bizantino e dos Bálcãs. Nesses trajetos, dividiam-se em diferentes grupos, formando tribos e clãs adaptados às condições e culturas locais. Foram alvo constante de preconceito e perseguição, mas souberam proteger e transmitir tradições, língua, rituais e ofícios por séculos.
Tribos, Clãs e “Nações” Ciganas
Há dezenas de denominações étnicas e sociais entre os ciganos. Entre as mais representativas estão:
Nome do Clã/Tribo | Origem/Característica Principal |
---|---|
Rom (Roma) | Europa Central e Oriental, o maior grupo |
Sinti | Europa Ocidental, forte tradição artesanal |
Kalderash | Leste Europeu, ferreiros e funileiros |
Lovara | Criadores de cavalos, comerciantes |
Machvaia | Artífices e mercadores |
Calon/Kalon | Portugal, Espanha, Brasil, cultura chibi |
Boiash | Carpinteiros, boiadeiros |
Xoraxane | Ciganos muçulmanos dos Bálcãs |
Beduínos/Tuaregues | Tribos especializadas em proteção, nômades |
Domí, Djambaza, Ghurbat, Zargar | Diversos ramos no Brasil |
Clãs Espirituais Tradicionais (em abordagens esotéricas e na Umbanda):
- Clã dos Dourados: Prosperidade, trabalho, estudo.
- Clã dos Protetores e Guardiões: Segurança física e espiritual.
- Clã dos Curandeiros: Manipulação de ervas, rituais de saúde.
- Clã das Ciganas do Amor: Magia amorosa, conselhos sentimentais.
- Clã dos Andarilhos: Liberdade, espírito nômade, adaptação.
- Clã dos Ciganos da Sorte: Jogo, adivinhação, leitura de cartas.
- Outros: Ouro, Sorte, Beduínos, Tuaregues etc.
Estrutura Social e Valores
- Família e Clã: Núcleo de proteção, honra e perpetuação da cultura.
- Seniores: Liderança dos mais velhos, respeito extremo à sabedoria e experiência.
- Kris Romano: O conselho de justiça cigano, mediador de litígios internos.
- Papel da Mulher: Dona da tradição oral, das artes adivinhatórias e da preservação dos rituais.
Principais Costumes e Tradições
- Leitura da Mão e Cartomancia: Uma arte ancestral, praticada principalmente pelas mulheres como meio de sustento e expressão do misticismo.
- Casamentos: Rituais extensos, exigência de endoclusão (casar-se dentro do grupo). O “rito do lenço” é tradicional para comprovar a virgindade da noiva.
- Festas e Danças: Celebrações com roupas coloridas, banquetes e música, marcando passagens e datas sagradas da comunidade.
- Morte: Pomána — banquete e oferendas; bens do falecido queimados ou enterrados para evitar má sorte.
Cosmovisão Religiosa
Os ciganos valorizam o culto à vida, a ancestralidade e à natureza, com práticas de magia popular, rituais para proteção, celebração dos elementos (fogo, água, terra, ar) e ritos de passagem. Não têm um templo fixo: o sagrado está onde o clã está reunido.
Ciganos na Umbanda
Na Umbanda, existe uma Linha de Ciganos que se manifesta através de guias espirituais (entidades) portadores de energia vibrante, livres e dotados de grande sabedoria sobre ervas, oráculos, magnetismo, encantamento e celebração da vida. Incorporam valores como alegria, liberdade, coragem e amor à diversidade. Algumas classificações dividem os espíritos em Ciganos autênticos (encarnados na tradição cigana em vida) e Exus-Ciganos (espíritos boêmios, nômades ou artistas que vibram afinidade com a linha dos ciganos).
Essas entidades atuam na cura física e espiritual, aconselhamento, abertura de caminhos, prosperidade e proteção. São símbolos de transgressão criativa e resistência.
Símbolos e Elementos Importantes nos Rituais
- Lenços e saias coloridas, moedas, pérolas, cartas de tarot, vinho, pães e flores.
- O uso da dança, música e instrumentos típicos.
- Objetos de espelharia, fitas, velas coloridas, metais (ouro/prata).
- Ervas: arruda, alecrim, jasmim, rosas, entre outras.
Considerações
O universo cigano é vasto, plural, profundamente espiritual e preservado através do respeito à ancestralidade, códigos de honra e inovação constante. A presença dos ciganos na Umbanda amplia o espaço do Sagrado e da diversidade espiritual, colaborando para uma compreensão mais inclusiva, plural e cheia de esperança da religiosidade brasileira. Para quem busca aprofundamentos, ainda há muito a estudar sobre subgrupos, mitologias, linguagens secretas e práticas de magia sempre reconhecendo a riqueza de suas contribuições para o patrimônio espiritual do Brasil.
Linha do Oriente
A Linha do Oriente na Umbanda é uma das linhas de trabalho espiritual mais diversas e ricas em influências culturais e esotéricas, expressando uma ampla herança que vai além do oriente geográfico estrito. Ela congrega espíritos de origem oriental como tibetanos, hindus, japoneses, chineses, árabes e outros povos do oriente asiático e médio além de incorporar entidades de outras procedências que não se encaixam nas matrizes indígena, africana ou europeia tradicionais do Brasil, como romanos, gregos, egípcios, árabes, e até povos antigos como incas e babilônios.
Características Gerais da Linha do Oriente
- Composição: Contém diversas falanges e legiões, com cerca de sete divisões principais, incluindo legiões de japoneses e chineses (Ori do Oriente), hindus, árabes, povos do antigo Oriente Médio e Egito, aborígenes da América, europeus antigos, e sábios e mestres ancestrais.
- Regência: Atua principalmente sob a influência dos orixás Oxalá e Xangô, associando-se à fé, justiça e à luz da consciência e ciência espiritual.
- Papel espiritual: São entidades de elevada sabedoria, ligadas à cura holística, às ciências ocultas, esoterismo, magia, oráculos (cartomancia, quiromancia, astrologia) e mediunidade séria.
- Atuação nas giras: As entidades orientes falam pouco, mas mostram-se serenas, com linguagem precisa e cheia de significados profundos. Geralmente não prestam consultas tradicionais, mas transmitem ensinamentos curtos e diretos.
- Ensinamentos: Trabalham para humanizar corações endurecidos, fecundar a fé, e despertar o autoconhecimento e a evolução espiritual, utilizando conhecimentos esotéricos antigos como base para os trabalhos de cura.
Aspectos Rituais e Preferências
- Locais preferidos para oferendas: Colinas descampadas, praias ou jardins reservados, matas, congás domésticos.
- Velas: Preferem cores suaves como rosa, amarelo, azul claro, laranja e branco.
- Bebidas: Suco de morango, suco de abacaxi, água com mel, cerveja, vinho doce (branco ou tinto).
- Tabaco: Fumo para cachimbo, charutos ou cigarros de cravo.
- Ervas e essências: Alfazema, benjoim, mirra, sândalo, tâmara, palmas amarelas e flores brancas.
Influência Cultural e Histórica
A linha do Oriente se popularizou especialmente entre as décadas de 1950 e 1960, acompanhando o interesse crescente por tradições budistas e hindus no Brasil e a presença de comunidades asiáticas, principalmente chinesas e japonesas. Ela trouxe à Umbanda o contato com ensinamentos místicos orientais e contribuiu para o enriquecimento espiritual da religião combinando-os ao sincretismo afro-brasileiro.
Entidades Conhecidas na Linha do Oriente
- Caboclo Timbirí: representam influências orientais com toques indígenas e japoneses.
- Pai Jacó: um preto-velho versado em Cabala Hebraica, demarcando a integração com conhecimentos esotéricos judaicos.
- Caboclo Pena Branca e Pena de Pavão: entidade que trabalha com forças espirituais mistas.
Papel Social e Espiritual
Essa linha tem a missão de equilibrar os aspectos interiores do ser humano, promovendo o despertar espiritual, a cura integral e o aprofundamento do autoconhecimento. As entidades orientais auxiliam no tratamento holístico, integrando corpo, mente e espírito, fomentando a prática da fé inteligente e do desenvolvimento moral.
Considerações
- A Linha do Oriente abriga espíritos que, apesar de não serem exclusivamente orientais, compartilham uma afinidade com os ensinamentos antigos, a ciência espiritual, e práticas ocultas.
- As manifestações são mais discretas, valorizando o silêncio e a profundidade.
- A Linha reforça a diversidade e o multiculturalismo da Umbanda, acolhendo povos e tradições diversas que refletem a complexidade do espírito humano.
Boiadeiros
- Origem: Espíritos de vaqueiros, peões, e trabalhadores rurais que lidavam com gado.
- Missão: Guardiões da força e da disciplina, especializados em limpeza energética e na proteção dos médiuns e do terreiro.
- Atuação: Utilizam velas, pontos riscados, rezas fortes e têm como principal função a limpeza espiritual, descarregos e abertura de caminhos.
- Características: Incorporam-se com passos ágeis que simulam o manejo do gado, usam chapéus de couro, laços e chicotes, e são reconhecidos pelo cheiro característico da carne queimada e o som do berrante.
A Linha dos Malandros e Malandras na Umbanda é uma das falanges mais carismáticas, alegres e simbólicas do culto, representando espíritos que personificam a malandragem positiva — ou seja, a astúcia, o jogo de cintura, a sabedoria popular e a capacidade de vencer as adversidades com bom humor e leveza.
Origem e Histórico
Esses espíritos derivam principalmente do Catimbó, culto mágico-religioso do Nordeste brasileiro que mescla influências indígenas, africanas e europeias. Históricos como Zé Pilintra (ou Zé Pelintra) são ícones dessa linha, que ganhou destaque nas giras de Umbanda e também se relaciona com a linha dos Exus, mas já possui força energética própria.
Características Gerais
- Personalidade e postura: Malandros e malandras são conhecidos por sua alegria contagiante, simplicidade, jogo de cintura, bom humor e malandragem — que aqui tem um sentido de esperteza e adaptabilidade, não de negatividade.
- Vestuário: Tradicionalmente aparecem com roupas elegantes, típicas da década de 1930, como ternos de linho branco, chapéu panamá (às vezes de lado), sapatos bicolores (branco e vermelho) e gravatas vermelhas. Fumam cigarros, charutos, são vaidosos e gostam de festas.
- Atuação energética: São trabalhadores espirituais que atuam no padrão vibratório dos orixás Ogum e Oxalá. De Ogum recebem a força e a garra para lutar contra as dificuldades e preconceitos, enquanto de Oxalá vêm a fé, humildade e leveza para enfrentar a vida.
- Função espiritual: A linha dos Malandros traz ensinamentos para encarar os desafios cotidianos com leveza, alegria e persistência, sem esmorecer diante das dificuldades. Eles limpam as energias negativas presentes, trabalham na proteção dos médiuns, afastam maus espíritos e ajudam a abrir caminhos.
- Malandragem como força positiva: A malandragem simboliza o uso da inteligência, perspicácia e criatividade para superar obstáculos, nunca para enganar ou prejudicar. São figuras que representam o povo marginalizado, mas que lidam com a vida com dignidade e fé.
- Formas de manifestação: Durante as giras, seus movimentos têm ritmo, dança e malemolência, aproximando-se do samba ou capoeira, trazendo energia boa e descontração. São carismáticos, brincalhões, mas também têm um lado sério e observador.
Malandras na Linha dos Malandros
As malandras são a expressão feminina dessa linha, que traz a força da mulher malandra, charmosa, sábia, guerreira e protetora. Assim como os malandros, elas equilibram a brincadeira com a seriedade quando necessário e também atuam na limpeza energética e na orientação espiritual, com um tempero especial de poder feminino e sensualidade respeitosa.
Cores, Ofertas e Rituales
- Cores: Vermelho e branco, ou branco e preto, são cores simbólicas da linha.
- Oferendas típicas: Petiscos como camarões, carne seca com farofa, bebidas como cerveja branca bem gelada e pinga. Também são apreciados charutos, cigarros e bebidas alcoólicas finas, simbolizando o gosto da linha pela boemia elegante.
- Símbolos: Chapéu panamá, bengala, charutos, gravatas, sapatos bicolores e roupas finas que representam sua postura e estirpe.
- Rituais: Durante os trabalhos, utilizam pontos cantados animados, defumações e danças, sempre com muita energia e descontração, abrindo caminhos de prosperidade e alegria.
Papel Social e Espiritual
Os Malandros e Malandras dão voz aos marginalizados, ensinando que, mesmo em meio às adversidades e preconceitos, é possível trilhar a vida com dignidade, leveza e fé. Eles são especialmente valorizados por fortalecer a auto-estima dos médiuns, estimular a flexibilidade diante da vida e agir com justiça espiritual. Também são conhecidos por sua lealdade e honestidade, não tolerando mentiras ou enganações.
Resumo em Destaques
Aspecto | Linha dos Malandros e Malandras |
---|---|
Regência espiritual | Principalmente orixás Ogum (força e luta) e Oxalá (fé e humildade) |
Aparência típica | Roupas elegantemente retrô (anos 30), terno branco, chapéu panamá, sapato bicolor, gravata vermelha |
Características | Astúcia, jogo de cintura, bom humor, leveza diante dos desafios, carisma, proteção espiritual |
Função | Limpeza energética, abertura de caminhos, proteção, orientação, alegria na superação das dificuldades |
Ofertas comuns | Cerveja branca gelada, camarões, carne seca com farofa, charutos, bebidas alcoólicas finas |
Manifestação nas giras | Dança, samba, capoeira, pontos cantados animados, uso de defumações |
A Linha dos Malandros e Malandras é essencial para compreender a riqueza da Umbanda, que valoriza o sincretismo, a diversidade e a força dos humildes, mostrando que a malandragem pode ser sabedoria de vida, resiliência e amor.
Saravá Zé Pelintra e seus malandros!
Crianças, Eres e Ibejis
obs. : Na Umbanda existe divergência de opiniões em 2 linhas de transcrições culturais.
– Eu procuro não opinar sobre essa linha, pois não me conecto a ela em nenhuma das versões. Não incorporo e particularmente nem sinto.
1 ª Visão da Umbanda Sagrada – Rubens Saraceni – Espíritos Encantados que nunca encarnado.
2 ª Umbanda Tradicional e vertentes de Umbanda Traçada – Espíritos de crianças desencarnadas, trazendo alegria e espontaneidade.
3º Ibeji ligados ao culto de Egbe Orum (Eu me conecto na Versão Yorubá dentro da Cultura Yorubá)
Missão: Representam pureza, honestidade e alegria, auxiliando em trabalhos que trazem leveza e renovação.
Atuação: São mensageiros dos orixás e seus trabalhos frequentemente envolvem brincar, cantar e fazer brincadeiras que ajudam na limpeza energética.
Características: Incorporam-se de forma brincalhona e ingênua, exigindo atenção para o respeito e cooperação dos médiuns e participantes da gira.

Marinheiros, Pescadores, Caiçaras, Corsários e Piratas
A Linha dos Marinheiros, Pescadores, Caiçaras, Corsários e Piratas na Umbanda representa uma falange espiritual ligada ao mar, às águas e às tradições culturais dos povos que viveram e trabalharam nas regiões costeiras e marítimas. Esses espíritos são conhecidos como os “povos da água” e sua atuação é marcada pela forte ligação com o orixá Yemanjá, senhora das águas salgadas e da “calunga grande” (o mar), além de outras mães d’água, como Nanã, Oxum e Obá.
Origens e Composição da Linha
- Marinheiros e Marujos: Espíritos de pessoas que navegaram e viveram no mar, como oficiais da marinha, capitães de navios, comandantes, tripulantes e pescadores profissionais. Muitos desencarnaram nas águas profundas, outros lidaram com as incertezas das tempestades e das viagens oceânicas.
- Pescadores e Caiçaras: Espíritos ligados à vida ribeirinha, à pesca artesanal e à convivência com a natureza marinha e costeira, especialmente na cultura tradicional dos caiçaras (povos litorâneos do Brasil).
- Corsários e Piratas: Espírito dos antigos navegadores que, além de explorar o mar, desenvolveram atividades como corsários ou piratas, sendo figuras carismáticas, à margem da lei, mas dotadas de muita coragem e astúcia.
Populações Ligadas ao Mar: Incluem também povos ribeirinhos, moradores das regiões costeiras, estivadores e trabalhadores portuários que vivem em torno da vida marítima.
Regência e Energia
Orixás Regentes: A Linha dos Marinheiros está tradicionalmente sob a regência de Yemanjá, rainha do mar e das águas salgadas, que é a principal guia espiritual dessa falange.
Também recebem influência de Omolu (regência dos mistérios da terra e das águas), Nanã, Oxum, e Obá.
Energia da Água: Os espíritos dessa linha vibram na sintonia com o elemento água — suas ondas, correntes, calmarias e tempestades — e suas incorporações apresentam movimentos que lembram o balanço do navio ou a oscilação das águas, como se estivessem se equilibrando no mar.
Influências Naturais: São sensíveis aos fenômenos naturais como tufões (Iansã), raios (Xangô), correntes marítimas (Ogum), calmarias (Oxalá) e outras forças da natureza que reverberam na energia do mar. - Características e Manifestação
Os espíritos se manifestam com gestos e danças que representam o equilíbrio instável das embarcações sobre as ondas.
São conhecidos por seu jeito simples, alegre, às vezes romântico e nostálgico, trazendo mensagens de esperança e força para enfrentar o desconhecido. Gostam de música ligada ao mar, cantos que lembram modinhas, toadas de pescadores e marinheiros, reforçando a conexão com o ambiente marítimo.
Frequentemente incorporam com roupas que lembram uniformes de marinha, roupas de pescador, trajes simples e até elementos piratas, como lenços e chapéus.
Funções e Trabalhos Espirituais – Especialistas em Equilíbrios Emocionais
São grandes trabalhadores de limpeza espiritual, atuando com forte poder de descarrego emocional, retirando energias negativas e desequilíbrios.
Auxiliam na abertura de caminhos, principalmente em situações ligadas a mudanças profundas, viagens e busca pela estabilidade emocional.
Trabalham na cura espiritual, aconselhamento e na proteção dos que enfrentam dificuldades nas “águas da vida”, que simbolizam os desafios emocionais e espirituais.
Protegem aqueles que se vinculam às atividades marítimas e ribeirinhas, oferecendo força para enfrentar tempestades da vida.
São poderosos aliados no combate a vícios e problemas relacionados a desequilíbrios emocionais e espirituais.
Simbologia, Cores e Oferendas
As cores mais associadas são o branco e azul claro (bicolor), representando a paz e as águas.
Símbolos utilizados incluem âncoras, búzios, conchas, redes de pesca, remos e fitas coloridas.
As oferendas comuns são compostas por sal grosso, limão, água do mar, flores brancas (como rosas e palmas), bebidas como rum, cachaça, e alimentos típicos de regiões litorâneas.
Petiscos e frutas do mar também são oferecidos, reforçando a ligação com a água e a natureza marinha.
Representantes e Entidades Conhecidas
Alguns nomes conhecidos na linha são: Mestre Martim Pescador, comandante espiritual dessa linha, além de entidades que se apresentam como capitães, piratas ou pescadores.
A linha abriga múltiplas sub falanges e espíritos ligados aos sete mares, às sete ondas, entre outras manifestações poéticas e simbólicas do mar.
Relação com Outras Linhas
A Linha dos Marinheiros está próxima às linhas dos Baianos e Malandros, pois todas elas compartilham uma presença forte nas regiões portuárias e urbanas litorâneas.
Possuem também ligações com a linha dos Exus e os Boiadeiros em função da proteção e da luta contra as energias negativas.
Resumo:
A Linha dos Marinheiros, Pescadores, Caiçaras, Corsários e Piratas na Umbanda representa espíritos que viveram e trabalharam nas águas, ligados a Yemanjá e outras mães d’água, que atuam na proteção, limpeza e orientação espiritual, refletindo a força, o mistério e a profundidade do mar. São entidades que dançam e se manifestam como se estivessem sobre as ondas, trazendo a energia das águas para auxiliar nas dificuldades da vida material e espiritual.
Saudação comum: “Salve as sete ondas! Salve a marujada!” ou “Salve os filhos do mar!”
Características da Linha dos Cangaceiros
A Linha dos Cangaceiros na Umbanda representa um dos arquétipos espirituais ligados à brasilidade, especialmente ao povo do sertão nordestino, que enfrentou sofrimentos, injustiças e perseguições históricas, mas sempre com força, coragem e senso de justiça. Eles são espíritos guerreiros, protetores e combatentes da região árida do Nordeste, portadores de uma energia densa e firme, que atuam especialmente na proteção, limpeza espiritual e defesa dos vulneráveis e marginalizados.
- Origem e arquétipo: Espíritos que representam o sertanejo nordestino, os vaqueiros e jagunços do cangaço, homens e mulheres de forças aguerridas que viveram sob grande exploração e violência, mas nunca perderam a alegria e a esperança.
- Atuação espiritual: São protetores vigorosos nos terreiros, realizando trabalhos de limpeza energética, descarrego, desobsessão e neutralização de magias negras. Com suas vestimentas típicas (roupas de couro, chapéus, armas simbólicas) evocam a figura histórica do cangaceiro.
- Energia: Possuem uma vibração mais densa do que a linha dos Baianos, próxima à linha dos Exus, com força e agilidade para batalhar espiritualmente contra energias negativas.
- Missão: Defender os oprimidos, trazer justiça espiritual, fortalecer os médiuns e proporcionar equilíbrio e segurança nas giras e nos consulentes.
- Simbolismo brigado: Resgatam elementos da cultura nordestina como o xaxado (dança), a alpercata (calçado), o mandacaru (cacto símbolo de resistência) e a palavra rimada, trazendo poesia e poder para seus trabalhos.
- Ligação espiritual: Associam-se às irradiações energéticas de Orixás como Omolú, Nanã, Oxóssi e Iansã, mas têm identidade própria.
Linha dos Pretos e Pretas, Mulatos, Encarcerados na Umbanda
Embora menos documentalmente definida do que outras linhas, na Umbanda também existem falanges associadas a espíritos de pretos e pretas, mulatos e pessoas encarceradas, manifestando realidades de marginalização, sofrimento e luta social, com papéis específicos:
- Pretos e Pretas: Frequentemente tratados como uma extensão da linha dos Pretos Velhos, são espíritos de pessoas negras que não são velhos, em suas trajetórias humanas, sofreram as agruras da opressão, escravidão e racismo. São guias de paciência, humildade e cura espiritual, transmitindo conselhos sábios e ajuda amorosa.
- Mulatos: Espíritos que carregam a miscigenação cultural e racial, trazendo a complexidade da identidade brasileira, podem se manifestar com características de várias linhas (caboclos, pretos velhos, malandros), refletindo a diversidade espiritual e cultural das origens híbridas.
- Encarcerados: Espíritos que passaram por prisões, sejam físicas ou simbólicas, manifestam-se oferecendo ensinamentos sobre liberdade interior, redenção, mudanças e superação. Podem atuar na desobsessão, auxílio a pessoas enfrentando dificuldades judiciais ou espirituais, ajudando na transformação e evolução do ser.
Estas linhas normalmente trabalham com ênfase na justiça espiritual, libertação, perdão e transmutação de energias densas, promovendo a esperança e o renascimento para aqueles que se identificam ou precisam de seus ensinamentos e força protetora.
Resumo Comparativo
Linha | Origem e Contexto | Fundamentação Espiritual | Função e Atuação Principal | Características e Símbolos |
---|---|---|---|---|
Cangaceiros | Sertanejo nordestino, jagunços do cangaço | Ligados a Orixás como Omolú, Nanã, Oxóssi e Iansã | Justiça, proteção, combate a energias negativas, descarrego | Roupas de couro, chapéus, xaxado, armas simbólicas |
Pretos e Pretas | Pessoas negras com história de opressão | Conexão com Pretos Velhos e entidades de cura e sabedoria | Cura, paciência, conselhos, amor e caridade | Vestimentas simples, cachimbo, serenidade |
Mulatos | Expressam miscigenação cultural | Mistura de falanges com elementos indígenas, africanos e europeus | Representação da diversidade, equilíbrio de forças | Aparência variada, marcada pela diversidade |
Encarcerados | Espíritos que viveram prisões reais ou simbólicas | Ligados a justiça, transformação e renovação | Libertação espiritual, desobsessão, auxílio em processos | Simbolismos de prisão e libertação, renovação |
Essas linhas refletem a riqueza, diversidade e complexidade da Umbanda, representando experiências variadas e contribuindo para uma espiritualidade inclusiva, que acolhe protagonistas de histórias de exclusão e sofrimento, transformando-as em força e proteção.
Exus – mais a frete teremos um bloco exclusivo
- Origem: Espíritos que atuam como guardiões e defensores dos terreiros, bem como abridores de caminhos.
- Missão: Responsáveis pela proteção dos médiuns e terreiro, resolução de problemas materiais e defesa contra energias negativas.
- Atuação: Trabalham principalmente com demandas, usando velas, charutos, bebidas e símbolos de reforço espiritual nos trabalhos.
- Características: São entidades alegres, enérgicas, atuando em diferentes linhas de umbanda (cemitério, encruzilhada, estrada), e possuem distintas personalidades e funções.
As falanges representam a multiplicidade e riqueza dos espíritos que trabalham na Umbanda atuando no plano espiritual enquanto auxiliam na vida material dos que buscam a fé e a transformação. Cada falange traz um aspecto único da espiritualidade, integrando saberes ancestrais e promovendo caridade, proteção e cura.
Conhecer essas falanges e suas peculiaridades é essencial para entender a profundidade das práticas religiosas da Umbanda e sua capacidade de atingir diferentes necessidades espirituais e sociais.
Práticas Devocionais, Rituais e Oferendas nas Falanges da Umbanda: Enfoque em Boiadeiros e Exus
Nas tradições da Umbanda, as falanges de entidades possuem formas específicas de atuação, cada uma acompanhada de rituais, símbolos e oferendas que potencializam suas energias e fortalecem o trabalho espiritual. Entender e respeitar essas práticas é fundamental para aprofundar a ligação com os guias espirituais, especialmente com os Boiadeiros e Exus, linhas que desempenham papéis cruciais na proteção, limpeza e condução espiritual nos terreiros.
Rituais e Trabalhos Espirituais das Falanges
Limpeza Energética e Descarregos
- Os Boiadeiros são especialistas na limpeza energética, utilizando especialmente os laços e chicotes simbólicos durante suas incorporações para “laçar” e afastar espíritos obsessores e energias negativas que sobrecarregam médiuns e ambientes.
- As rezas fortes e os pontos riscados (desenhos feitos no chão com giz ou pemba, representando símbolos sagrados) são ferramentas primordiais para firmar a energia da linha, criando um campo vibracional de proteção e ordem.
- Os Exus, por sua vez, realizam trabalhos de descarrego mais intensos, com uso de defumações, charutos, velas nas cores preta e vermelha, e bebidas fortes como cachaça para fortalecer sua energia de abertura de caminhos e quebra de demandas espirituais.
Oferendas e Itens Devocionais
Cada linha e orixá tem suas preferências, e as oferendas adequadas são essenciais para manter o axé da falange e garantir a eficácia dos trabalhos.
- Boiadeiros: Apreciam bebidas fortes como cachaça com mel (chamada de “meladinha”), vinho e fumos (cigarros de palha, charutos, fumo de rolo). Entre os alimentos, destacam-se carnes — especialmente carne seca e carne de boi com feijão tropeiro — e pratos típicos do interior, como abóbora com farofa de torresmo. As velas usadas permanecem em tons terrosos, verdes e vermelhos.
- Exus: Preferem velas vermelhas e pretas, charutos, cachaça, bebidas espirituosas e oferendas simbólicas deixadas em encruzilhadas, cemitérios e locais estratégicos. Os elementos como pimenta, farofa, carne de porco e pipoca não podem faltar em suas oferendas.
Pontos Cantados e Partituras Espirituais
Os pontos cantados são canções ritmadas que elevam a vibração espiritual dos trabalhos, contando histórias, invocando os guias e mantendo a potência energética das sessões.
- Os Boiadeiros cantam modas antigas, toadas e cânticos que narram a vida no campo, o manejo do gado e a força do sertanejo. Seu ritmo é vibrante e marcante, animando o terreiro e fortalecendo a união dos presentes.
- Os Exus possuem pontos com ritmos mais acelerados, entrecortados por gritos e chamadas que evocam seus nomes e poderes para abrir caminhos e romper bloqueios.
Símbolos e Representações da sinergia de Boiadeiro x Exu
- Os Boiadeiros manifestam-se com chapéu de couro, laço, chicote, bombachas e, muitas vezes, berrante, símbolos claros da vida rural.
- Os Exus trazem punhais simbólicos, colares (guias) vermelhos e pretos e às vezes quadros e imagens associadas às encruzilhadas, refletindo seu papel como guardiões dos caminhos espirituais.
Diversidade e Especializações nas Falanges da Umbanda:
Foco em Boiadeiros, Exus e Suas Funções Específicas
Após compreender o conceito geral das falanges na Umbanda e algumas das principais características de suas entidades no artigo anterior, é fundamental explorar a riqueza e a complexidade dentro dessas linhas espirituais. Este texto amplia o olhar para as particularidades dos Boiadeiros, Exus e suas múltiplas funções, a diversidade regional e funcional dentro da linha dos Boiadeiros e a importância da disciplina e autoridade nas práticas umbandistas.
A Linha dos Boiadeiros: Variações e Funções Específicas
Origens e Manifestação Cultural
Os Boiadeiros são espíritos de trabalhadores rurais que lidavam diretamente com o gado, desde vaqueiros e peões até laçadores e tocadores de boiada, espalhados por várias regiões do Brasil. Esses espíritos transmutaram essa vivência em força espiritual, incorporando os arquétipos da determinação, coragem e trabalho.
Eles são reconhecidos nos terreiros pela dança vigorosa, que reproduz o manejo do gado, a incansável lida do campo e a agilidade dos passos, parecendo verdadeiros mímicos da atividade rural. Essa dança, além da dimensão estética, tem função energética, revitalizando o terreiro e os médiuns.
Diversidade de Boiadeiros e Regionalismos
Dentro da linha, há diferentes tipos de Boiadeiros, cada um com sua identidade e modus operandi, normalmente associada a regiões ou características próprias, como:
- Boiadeiro da Jurema
- Boiadeiro do Lajedo
- Boiadeiro Navizala
- Boiadeiro Chapéu de Couro
- Zé Mineiro
- Boiadeiro Bugre
- Carreiro
Essa pluralidade fortalece a linha, permitindo que se adapte às necessidades dos terreiros, às realidades locais e às demandas espirituais de seus filhos.
Funções Essenciais no Terreiro
- Limpeza e descarrego energético: Utilizam laços e chicotes simbólicos para “laçar” e afastar energias negativas e espíritos perturbadores, mantendo o ambiente espiritual limpo e equilibrado.
- Proteção rigorosa dos médiuns: São zelosos guardiões dos trabalhadores espirituais, protegendo com força e disciplina seus filhos de santo, valorizando a coragem, a honestidade e a lealdade.
- Manutenção da disciplina: Promovem a ordem nas sessões e reprimem comportamentos que possam prejudicar o fluxo espiritual.
- Condução de espíritos desencarnados: Guiam e conduzem os eguns para seus devidos lugares, facilitando a evolução espiritual.
Atuação sob a Regência dos Orixás
Os Boiadeiros recebem principalmente a irradiação espiritual dos orixás Oxóssi e Iansã. Por meio de Oxóssi, mantêm sua profunda ligação com a natureza e o conhecimento herbal; por meio de Iansã, recebem a força e autoridade para manter a lei e a ordem espiritual, especialmente na condução dos espíritos desencarnados.
Apesar dessa regência, mantêm sua identidade própria e formas características de atuação, não absorvendo as qualidades do orixá, mas cumprindo suas ordens.
Importância da Linha na Umbanda
Os Exus são essenciais para a preservação da ordem energética do terreiro, combatendo energias negativas e abrindo espaços de proteção para que o trabalho dos outros guias aconteça de maneira harmoniosa.
Saudações, Símbolos e Práticas Devocionais
Saudação dos Boiadeiros
Entre as saudações mais utilizadas para os Boiadeiros estão “Jetruá Boiadeiro” e “Xetro Marrumbaxêtro”, expressões que invocam a força, a coragem e a proteção desta linha espiritual.
Elementos Simbólicos e Oferendas
Nos trabalhos e celebrações, os Boiadeiros mostram preferência por:
- Bebidas como cachaça com mel (“meladinha”) e vinho.
- Cigarros de palha e charutos.
- Pratos típicos do interior, como carne de boi com feijão tropeiro e abóbora com farofa de torresmo.
- Velas nas cores branca, verde, marrom e vermelho.
- Símbolos do campo: laço, chicote, chapéu de couro, berrantes.
A atmosfera criada nas giras por eles é marcada por energia intensa, respeito e alegria contida, que rege a ordem e o poder dentro do terreiro.
A unidade entre a diversidade e a especialização das falanges na Umbanda revela a riqueza do sistema espiritual afro-brasileiro. A linha dos Boiadeiros destaca-se não só pela força e proteção que oferece, mas pela ligação com a cultura brasileira e o sincretismo espiritual que incorpora — entrelaçando história, natureza, coragem e fé.
Os Exus complementam esse trabalho com sua habilidade de abrir caminhos e preservar a segurança no plano espiritual, assegurando que as práticas religiosas atinjam seus objetivos com eficácia.
Este olhar aprofundado nas falanges amplia a compreensão do papel que essas entidades desempenham, reforçando seu valor e indispensabilidade para a Umbanda e sua comunidade de fé.
A Importância da Disciplina e Respeito nos Trabalhos
A Umbanda, sendo uma religião de ordem, disciplina e respeito, exige que tanto médiuns quanto consulentes sigam protocolos rigorosos para que as falanges possam atuar plenamente:
- Respeito aos horários e dias de realização das giras.
- Cuidado e zelo com os materiais sagrados (velas, pembas, ervas).
- Respeito às saudações tradicionais (“Jetruá”, “Arô”, “Saravá”).
- Cumprimento das orientações dadas pelos guias e obedecer às regras internas dos terreiros.
- Nunca subestimar nem banalizar os trabalhos espirituais.
Compreender os rituais, oferendas, pontos cantados e símbolos das falanges na Umbanda é fundamental para quem deseja uma integração verdadeira e respeitosa com a espiritualidade afro-brasileira. As linhas dos Boiadeiros e dos Exus, em particular, demonstram como a força e a proteção podem caminhar lado a lado com a caridade e a evolução, fortalecendo a fé e fortalecendo o axé das tradições sagradas.
Exus na Umbanda: Guardiões, Abridores de Caminhos e Suas Linhas
Classificação e Atuação
Os Exus fazem parte da linha independente, embora interajam com todas as demais. Eles são considerados os “policiais espirituais”, com domínio sobre os caminhos e encruzilhadas, protegendo médiuns, terreiros e auxiliando na resolução de problemas materiais e espirituais.
Existem três grandes linhas de Exus:
- Exus do Cemitério: Espíritos mais sérios, ligados principalmente à regência de Omolú/Obaluaê, que atuam em obrigações, descarregos e trabalhos de limpeza profunda. Exemplos: Sr. João Caveira, Dona Maria Quitéria.
- Exus da Encruzilhada: Dividem-se em “pesados” (mais sérios) e “leves” (mais brincalhões). Atuam dando consultas, proteção e trabalhos diversos. Exemplos: Exu Tranca Rua, Exu Veludo.
- Exus da Estrada: Mais alegres e comunicativos, seus atendimentos costumam ser descontraídos, porém repletos de eficiência espiritual. Exemplo: Zé Pelintra, Maria Padilha.
Ferramentas e Rituais
Os Exus utilizam charutos, velas vermelhas e pretas, bebidas fortes (cachaça, vinho), punhais simbólicos e pontos riscados para realizar seus trabalhos, que abrangem desde limpeza e proteção até abertura de caminhos e demandas espirituais.
As encruzilhadas são locais sagrados para suas oferendas, sinalizando os pontos onde atuam em maior concentração.
Publicar comentário