Egbe OTURA MÉJI
OTURA MÉJI
“…Um homem trajando um agbáda funfun (túnica branca), confeccionado com tecido de puro linho crú, representando a “Luz Interior”, a não vergonha da sua nudez, isto é, de ser ele mesmo…”
ÒTÚRÁ MÉJI – 16° Odù no Jogo de Búzios
Interpretações e Significados
Ordem de Chegada ao Aiyé/Terra: 13° Odù.
Òtúrá Méji também é conhecido pelo nome de Aláafia Méji.
Responde com 16 búzios abertos, encerrando desta maneira o Círculo Astral dos 16
Odu Originais ou Principais.
Representações e Significados: A princípio, por uma espiral abrindo-se a cada movimento e tornando-se cada vez maior, até alcançar o infinito. Esta representação possui o significado da comunicação dos seres humanos com os ará-orun (habitantes do céu). É através deste Odù que os pedidos, as súplicas, as orações e as rezas dos seres humanos são análisadas no Orun/Cosmo, sendo através do Odù Osá Méjì que elas retornam com aprovação ou não.
Alaafia Méj significa a integração, o reconhecimento, a saúde e a paz, é também o Odù da palavra, da coerência e o proporcionador da comunicação em uma só voz num único idioma.
At.: Segundo alguns Bàbá e lyá, são os poemas deste Odù que fazem alusão a um único idioma e a uma única raça humana.
Otúrá Méjì é o caminho da vocação artística influenciada pelo sentimentalismo e pelo amor. É também o caminho dos devaneios, fonte das mais eloquentes e arrasadoras epopéias e paixões. Encontramos também o Odù Aláafia Méjì representado por um ancião trajado de branco, no topo de um monte, ensinando em um só idioma o direito e o dever através da palavra.
Oposições deste Caminho de Odù: a discórdia, a disperção e as guerras.
Obs: Sempre que surgir este Odù na condição de “Dúró”, o consultor do Oráculo deverá colocar efun ralado em suas mãos e nas do consulente, em seguida ambos deverão esfregar suas próprias mãos uma na outra. O consultor deverá também pronunciar por três vezes consecutivas a palavra “Alááfia”, e em seguida soprar o restante do efun das suas mãos sobre a eni/ate e sobre o Mérindilogun Kauri.
Encontramos ligados a este caminho de Odù os seguintes animais: o esquilo, o pangolim, a pantera, o leopardo, o jaboti, o falcão, o camaleão, o mutum, o jacucinago, o elefante, a coruja, o cisne, o ganso e o marreco branco, o ogomugomu (pássaro branco de rara beleza não possuindo similar no Brasil), os caracóis, os corais, o coelho, a abelha, o gafanhoto, a gazela, a raposa, o gato, o camelo, a girafa, o topi, a cabra, a ovelha e o tatu.
Otúrá Méjì também é chamado de:
Oni Ofin – Senhora das Leis; lyá Ede – Mãe dos Idiomas; lyá Ilàjú – Mãe da Cultura;
Oní Alááfia – Senhora da Paz; lyá Idipò – Mãe da Coerência; lyá Anú – Mãe da
Piedade; Oni Idájó – Senhora do Julgamento e tantos outros nomes.
Provébio deste Caminho de Odù:
“Bilísì, ti jádekúrò enu wà, ko si bilísì nã ti bósi”
“Pecado é o que sai da boca, não o que entra”.
Representação em Ifá/Kawri:
Cores: Todos os tons de azul, verde, violeta, branco e o dourado.
Simbologias: Um homem trajando um agbáda funfun (túnica branca), confeccionado com tecido de puro linho crú, representando a “Luz Interior”, a não vergonha da sua nudez, isto é, de ser ele mesmo. Também por uma esfera formada pelo punho do ser humano. A esfera simbolizando o movimento contínuo das forças naturais e o punho a realização perfeita e concluída através da mão do homem que se tornou superior.
Elementos: Agua e Fogo.
Composição: Ar sobre Fogo, com predominação do primeiro, indicando a hesitação do ser humano ante ao lado maléfico.
Ponto Cardeal Correspondente: Sudoeste.
Folhas: Carnaúba, cinco-folhas, erva-de-bicho, erva-de-santa-luzia, folha de girassol, espirradeira-branca, malva-branca e manjerona.
Flores: A sempre-viva, o copo de leite, o lírio do campo, a dália, o cravo, a rosa, o monsenhor, o girassol, a orquídea, a palma, a flor-da-laranjeira, o bem-me-quer, a papoula, o miosotis, a sálvia e o azevinho.
Metal: Estanho
Sexo: Feminino.
Pedras: Agua-marinha, coral e jade.
Simbologia Natural: o céu e o oceano.
Informações Complementares
Otúrá Méjì é o último dos Odù do Oráculo de Ifá, mas, também é o 1° Odù que precede a criação do mundo, uma vez que, Aláfia Méjì é a renovação da planta que sai da terra para girar em direção da luz. É o Odù que influência as fases da vida intra-uterina que coincide com os últimos dias da gravidez, justamente antes que a criança veja a luz do dia.
Otúrá Méjì é um dos portais da alma, a este Odù são atribuídos os opostos “riqueza” e
“pobreza”. O movimento de Otúrá Méjì não permite acidentes. Este caminho afirma que somos os únicos responsáveis pelos acertos e erros de nosso destino.
Contém os sagrados mistérios e o conhecimento da formação da vida. E a síntese das forças elementares do ser humano. Todos os seres humanos passam por Otúrá Méjì, tanto no nascimento quanto na morte. Enfim, este caminho envolve a influência interativa entre a luz e a escuridão, simbolizando a evolução das três fases naturais que formam e exprimem as três forças superiores, que são:
Iwà – Conduta, comportamento;
Abá – Esperança;
Ase – Lei, ordem
iwà – de acordo com os Yorubá, é a genuína substância que torna a vida alegre por ser agradável a Deus.
“Eni lóri rere tí kò ní iwà iwà ni yóo ba orí ré jé”
“Se uma pessoa tem um destino feliz, mas não tem bom caráter, sua falta de caráter arruinará seu destino”
Alguns dos arquétipos dos filhos deste Caminho de Odù:
Possuidores da arte de antecipar os acontecimentos e do dom intuitivo e místico.
Generosos sem limites, abertos a todos os tipos de relacionamentos. Em sua maioria adaptam-se a qualquer situação, guardando para si todos os aborrecimentos, são eternos pacificadores, ouvem e compreendem a todos sem que ninguém os ouçam e os compreendam. Temperamento emotivo, ansioso, às vezes totalmente confusos, amantes das artes, tanto ao conteudo quanto à forma, eternos amantes do lirismo.
Possuidores de caráter imbuido de bondade natural, passivo, temo, afetuoso e impressionável. Criativo, confuso, idealista, incoerente, irracional, outras vezes genial e inspirado.
Devemos ter muito cuidado com os nascidos neste caminho de Odù, pois estamos diante de um ser que sabe fazer cumprir seus sonhos, paixões e ideais. Não conhecem a palavra perdão, pois acham que perdoar é divino. Os nativos deste caminho são verdadeiras serpentes ou gatos refinados, delicados, sutis, inteligentes e sensuais e ainda mais quando se tratam de assuntos dos seus próprios interesses.
Criativos ao extremo, vivem nas nuvens do mesmo modo que mergulham no oceano profundo, enfim, os filhos deste caminho têm em suas mãos o mundo das magias, dos sonhos e dos mitos, entretanto, não os peçam para serem realistas ou concretos, apesar deles dizerem que não são. São oportunistas, ingênuos, apesar de serem espontâneos, e tal como uma serpente marinha ondulando-se, acabam chegando onde ninguém chegará antes deles.
Segundo alguns Bàbáláwo, Otúrá Méjì possui três arquétipos para seus filhos:
- Seus filhos perdem tudo o que ganham na mocidade em virtude de viverem nas nuvens, entretanto, ao adquirirem maturidade, erguem-se gradativamente, continuando a dar valor aos bens materias.
- Gastadores compulsivos, vivem nas nuvens não se prendendo a nada. Geralmente acabam seus dias abandonados por todos chegando ao relento.
- Os outros são totalmentes alienados.
Segundo narrativas, os filhos deste caminho não são peixes, mas, morrem pela boca, pois, as palavras impensadas por eles pronunciadas são a sua ruína. Portanto, devem usá-las somente para erguê-los e não para levá-los ao caos.
Saudação ao Odù Aláafia Méjì:
“Otúrá Méjì Ibà o!
Nwon oro-asán, agbédò àilánfãni ko múwolé”.
“Eu saúdo Alááfia Méjì!
As palavras vãs jamais nos trarão prejuízos”.
Os Orisà que geralmente se apresentam neste Caminho de Odù:
Segundo antigos Bàbáláwo, Babálorisà, lyálòrisà e Oriate é possível encontrarmos todos os Orisà neste Caminho de Odù.
Segundo alguns Bàbáláwo, este é o caminho principal de Obatálá, e segundo os mesmos, seus filhos devem possuir um sacrário dedicado a este Orisà.
Aos Orisà que se apresentam neste caminho, só é permitido imolar animais uma vez a cada ano.
Algumas das interdições deste- Caminho de Odù:
Possuir ou ter próximo de si cães ferozes. Comer galo velho de qualquer espécie, milho cozido ou assado, inhame de qualquer espécie/oferecido a Obatálá, carne de porco/imperdoável, cágado, tartaruga, lagarto, prea, javali, tatu, coelho, peixe de pele e carangueijo. Portar qualquer tipo de arma. O uso do tabaco e das bebidas destiladas.
Manterem aprisionado qualquer tipo de animal. Participarem de caçadas ou pescarias indiscriminadas.
At.: Os filhos deste Caminho deverão dar esmolas sempre que possível, evitando assim decadências e derrocadas em suas vidas. Devem dormir com a cabeça voltada para o nascer do sol. São proibidos de relatarem seus planos a pessoas que não estejam inclusas no propósito em questão.
Sentença deste Caminho de Odù:
“Örùn ko kan osupa, agbédò ko padé”
“O Sol não alcançará a Lua, jamais se encontrarão”.
Tradicional significado deste Caminho de Odù:
Ônã Iré – Caminhos Positivos
Prazeres, docuras e paz. Inteligência voltada para si próprio. Intuições que devem ser seguidas. Heranças pequenas, mas, honestas. Vocação artística, amor correspondido, revelações, melhorias em todos os sentidos, reconciliação, cura, perdão, juízo justo, recompensa merecida ante as virtudes de um ser humano.
Ônã Lépè – Caminhos Negativos
Abandono, ausência de perseverança. Insegurança ante as soluções a serem tomadas, discórdia, incoerência, conseqüências sérias em virtude de atos impensados, prisão mediante atos praticados (Ex.: todo ou qualquer tipo de aprisionamento, variando da situação apresentada pelo consulente), processos e julgamentos provenientes dos procedimentos dúbios por parte do consulente ou da pessoa que pediu a orientação do oráculo, pessoa sem caráter rondando seio familiar, amizade falsa, quer no trabalho, quer no seio familiar, ou no dia-a-dia, enfim, falta de determinação por parte do consulente.
Doenças ligadas a este Caminho de Odù:
Todo ou qualquer tipo de doenças ligadas a degeneração, afecções ósseas, infecções generalizadas, disturbios cárdio-vasculares e doenças de pele. Geralmente prevê doenças incuráveis, sejam de qualquer origem.
1º Ihinrere ti Odù Otúrá Méji – Odù Alááfia Méjì
Késafula, késafula, késafúla.
Ará aiyé, kiki gbólohun okan.
Múse oroyórù bibun. lje kiki, ede kiki.
Asake-Akasan muwa fun Oju Orúnmilà, igbati ni tite Oba
Nwon ni: “Rubo eiyele funfun eta, eyin eta adie funfun, mérindilogun owo ati ora [ewebe”
Nwon se damo ewe “Jenjoko”
“, eje awon eiyele funfun, fi eyin ati ora ewebe
Nwon no fiòróroyàn Oba-oju se ebo
Orúnmilà ni: “Wa ni fun ti Olódúmarè ipati màdàrà, àyanmo ayinlogo, àyanmo eyi ti [ràbàbà àwon àiyé kò ti júko oju re”.
Orúnmilà tenumo: “Omode kan wà, omokonrin eyi ti Olódúmarè muro [nibirere (òrun)”.
Orúnmilà ni: “O àwon jola, o se rubo” Késãfúla, késãfúla, késãfúla.
Tradução do 1° Poema/Verso do Odù Otúrá Méji – Odù Aláafia Méji
Exclamando com deslumbramento ou expressando admiração.
Humanidade, somente uma palavra.
Cumpriu-se a palavra atual admirável.
Somente um idioma, somente uma raça.
Asàke-Akasan criou o “olho” para Orúnmilà quando ele foi sagrado rei.
Eles disseram: “Ofereça em sacrifício dois pombos brancos, dois ovos de galinha [branca, 16 moedas e gordura vegetal (banha de ori).
Eles misturaram junto a erva “jenjoko”o sangue dos pombos, os ovos e a gordura [vegetal
Ele ungirá o rei-olho, eles realizaram o sacrifício.
Orúnmilà disse: “Existe alguém para quem Deus guardou algo de bom e maravilhoso, destino glorioso que estremecerá o Mundo e ninguém poderá ver seus olhos” Orúnmilà afirmou: “Existe uma criança entre muitos, menino este, que Deus [sustentara num bom lugar (céu)”.
Orúnmilà disse: “Ele terá privilégios, ele fará oferendas”.
Exclamando com deslumbramento.
2° Ihinrere ti Odù Otúrá Méji – Odù Aláafia Méji
Bi mo tunyi aiyé
Gbodo tunyi pelu Otúrá Méjì
Gbodo bi ogba buaya Odán
Ogba tiyantiyan Ódán
Mo gbodo ebi
Mo gbodo mbe alááfia
Sogbõgba gbodo mbo àiyé pelu Otúrá Méjì
A difá fun ni woso funfun
On dehun fun tilu re
Tani bo laseko odun ?
On tunyi fun túnyèwo awon omo re
Onigbó, on woso pelu aso-ogbo ati janu are
Obatálá, ti lo oparun igi Onigbó jagún ti lo ekun
A difá fun ni woso funfun
Onigbó, on ti bo lásèko odun
Bi mo tunyi àiyé
Gbodo tunyi pelu Otúrá Méjì
Gbodo bi ogba buyà Odan.
Tradução do 2° Poema/Verso do Odù Otúrá Méji – Odù Aláafia Méji
Se eu voltar ao mundo (reencarnar).
Quero voltar com Otúrá Méjì.
Quero nascer num bosque cheio de Odan.
Num bosque repleto de Odan.
Eu vou querer uma família.
Eu vou querer viver em paz.
Igual a todos que vêm ao mundo com Otúrá Méjì.
Consultaram o Oráculo para aquele que se veste de branco.
Ifá disse: “Ele voltará para o seu povo”.
Quem cultuaremos durante o ano?
Consultaram o oráculo para aquele que se veste de branco.
E o Senhor de Igbó que cultuaremos durante o ano.
Aquele que voltará para olhar seus filhos.
Senhor dos igbó, aquele que se veste de linho e ostenta o ãre.
O Senhor do pano branco, que usa cajado de madeira.
Senhor dos igbó, guerreiro que usa espada.
Consultaram o Oráculo para aquele que se veste de branco.
É o Senhor de igbó que cultuaremos a cada ano.
Se eu voltar ao mundo (reencarnar).
Quero voltar com Otúrá Méjì.
Quero nascer num bosque cheio de Odan.
Odan – Espécie de árvore que se planta em locais para dar sombra. (Ficus Thoningii).
3° Ihinrere ti Odù Otúrá Méji – Odù Alááfia Méjì
Laisetan ona pilése nibi
Omiran àwon ònã wà
Ipade àwon ònã wà
Ipade awon onã gbani “Enu Sónsó”
A difá fun Irinmode
Irinmode peiyepeiye wà
Orúnmilà soníyigi pelu Irinmode
Orúnmilà soniyigi igbéyàwó Irinmode
Orúnmilà igbéyàwó Irinmode – “Àyaba Aniju-igbó”.
Irinmode mbe igi mimo “Arabá”
Irinmode omobirin Onigbó – Oluowu
A difá fun Irinmode
Arabá oruko re babá Einwo
Araba oruko re igi mimo Onigbó
Tani ko egure Igbó ?
Obàtálá- Onigbó
Onigbó Ideta-Oko
Tani bábà ?
Oluowu
Tradução do 3° Poema/Verso do Odù Otúrá Méjì – Odù Alááfia Méjì
O verdadeiro caminho começa daqui.
Outros caminhos existem.
Existe o encontro dos caminhos.
O encontro deles possui “Boca Pontuda”.
Consultaram o oráculo para Irinmode.
Ela é uma caçadora – é a “Rainha da Floresta de Igbó”.
Foi Orúnmilà que se casou com Irinmode.
Foi Orúnmilà que tomou Irinmode para esposa.
Orúnmilà esposou Irinmode a “Rainha da Floresta de igbó”.
Irinmode mora na árvore sagrada “Arabá”.
Irinmode, filha do Senhor de Igbó – O Dono do Algodão.
Consultaram o oráculo para Irinmode.
Arabá é o nome do pai de Erinwo.
Arabá é o nome da árvore sagrada do Senhor de Igbó.
Quem encontramos na cidade de igbó.
O Rei do Pano Branco – O Senhor dos igbó.
O Senhor da floresta de Ideta-Oko.
Quem é o pai ?
É o Senhor do Algodão.
“Ko wí fun Olódúmarè tì iwo rúgúdù tobi wà; wi fun rúgúdù tì iwo Ogá-Ogo wà”.
“Não diga para Olódúmarè/Deus que você tem um grande problema;
Diga para o problema que você tem um grande Deus”.
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