Oxaguian no Brasil ou simplesmente Òrìsà Òsògìyán

Òsògìyán: O Pai da Guerra e Seu Papel na Cosmologia Afro-Brasileira Òsògìyán, conhecido como Baba O’Lorogun ou pai da guerra, é uma figura central na mitologia afro-brasileira, um Orixá que encarna a luta, a determinação e a incessante busca pela vida. Carregando em si todas as armas e simbolizando a constante batalha que é a existência, Òsògìyán é não apenas um guerreiro, mas também um elo vital entre diversos Orixás e elementos da natureza. Sua presença é um lembrete da dualidade da vida, onde a guerra e a paz coexistem em um ciclo interminável.

SOBRE O ORIXÁ
1ª Parte Resumo
2ª Parte detalhes

Resumo

Oxaguian no Brasil ou simplesmente Òrìsà Òsògìyán como ele mais gosta de ser
chamado, Ewúléèjìbò “Senhor de Ejigbô” onde é tratado por Kábiyèsi, é um dos
Orixás mais emblemáticos do culto de orixá

Sobre ele também recai uma série de segredos rituais guardados pelos terreiros,
embora muitas coisas já se tenham escrito.

Acredito sim nessa complexidade em se cultuar o maior dos Orixás, pois sua energia
é tão suave, tão magnífica, magnânima e tão sutíl que nem todo mundo tá preparado para
se harmonizar e poder interagir de seu Axé.

Conta um itãn que Oxun Aiyan’lá, de acordo com uma de suas histórias, ela teria
dançado pela primeira vez na presença de Òsògìyán e fez todo o mercado lhe
acompanhar. É por este motivo que filhas e Oxun Aìyan’lá, a fim de agradar
Òsògìyán envia clarins para homenagear o Orixá, ato que se pode observar em alguns terreiros antigos.


Os mitos afro-brasileiros sobre este ancestral nos permitem perceber que Oguian liga-se a comida.

A sua festa é o ponto culminante do chamado Ciclo das Águas, representado pelos inhames novos presenteados pela terra após um período de dificuldades. Òsògìyán, assim, o dono do inhame. É ele quem garante o nosso sustento de cada dia representado pelas raízes, conhecido por Orixá comedor de inhame pilado (Oxaguian), pois inventou o Pilão para melhor preparar seu prato
favorito.

O Grande Òsògìyán em momentos de crise representa a estabilidade; em ocasiões de guerras, a estratégia; na tristeza é a alegria, no fim é o recomeço, é o Orixá de todos os momentos.

De acordo com suas histórias, ele teria passado em Irê, a terra de Ògún, e graças à sua inteligência idealizou armas forjadas pelo grande ferreiro.

A amizade entre o povo de Ejigbô foi tanta que Ògún, certa ocasião, se ofereceu para ir à frente
de uma batalha lutar pelo povo de Ògìyán que na volta foi aclamado Senhor vestindo- se de branco.

Diz-se também que o Orixá que adora inhames é amigo inseparável de Oyá e dela ganhou os Atorís, com quem anda sem pisar no chão levado pelo vento que lhe conduz a todos os lugares. Por isso, filhos dessa Orixá se sentem plenamente atraidas por estarem perto dos filhos deste Orixá.

Osogiyan põe um ponto final no fim e inaugura aquilo que é infinito, pois diante dele tudo é recomeço.
Òsògìyán é o Orixá do renascimento, tudo que forma um ciclo se mantém graças a ele. Este é o motivo pelo qual no dia a ele consagrado se realiza uma pequena procissão.

Ele representa a volta para a casa, a estabilidade dos grupos que até então vagavam sem destino. O terceiro Domingo do ciclo das Águas de Oxalá é representado pelo ” Ojó Odò” (dia do Pilão) de Òsògìyán, pois fecha o ciclo de renovação da existência.

Com o Orixá Sàngó, coluna central do culto reorganizado no Brasil pelos Yorubas e seus
descendentes, Ògìyán se relaciona como outrora os reinos de Ejigbô e Ifon estavam ligados à Oyó, fato relembrado pelo pilão, instrumento de vital importância para a fixação dos grupos na terra.

Se o pilão é o centro do mercado, a mão de pilão é o instrumento que repete o movimento que liga o céu à terra, garantindo a nossa permanência através da comida, do inhame dado em forma de presente por Osogiyan.

O pilão como o ferro ilustra uma nova etapa da história da humanidade. A partir dele, pode-se falar em comidas mais elaboradas, preparar a farinha e conservar melhor os alimentos. O Pilão representa a justiça, o equilibrio provocado pelas duas bocas do pilão, seus Ìsáns representam o poder ligado a Irôko ancestralidade, vida e morte, a espada representa a luta diária pela paz social.

Òsun é verdadeiramente o coração de Osogiyan, dizem os antigos que “Òsun é sua menina dos olhos”. Ela dança também para ele. É Òsun quem vai a frente das mulheres da terra de Ijexá que inventaram
um tipo de tambor apenas tocado por elas.

Instrumento na sua origem feminino como as cabaças, cujo som remete ao mesmo
produzido na vida uterina. Oxun teria ensinado estes sons para a humanidade,
escutando a sua própria barriga. Mantém relações também com Ewá, ilustrada
através de uma das passagens míticas mais emblemáticas.

Ewá, aquela que tem o poder de transformar-se em qualquer coisa, lhe teria salvo da morte, garantindo
assim a continuidade do ciclo da vida.

Osogiyan como já falamos, relaciona- se também com os Orixás caçadores e caçadoras. Daí a sua relação com Òsóòsì, considerado líder e cabeça da grande caçada. Com Òsanyìn interage estrategicamente com o pássaro, as magias e todo tipo de feitiçaria “Òsò”, prefixo de seu nome estabelece a parceria, o sumo da folha, etc.

Com Obà divide a essência guerreira feminiana/masculina, a guerra através dos sentimentos do coração, do amor e da paz.

Osogiyan anda através de passos mais rápidos, determinados. Em guerra constante, a prontidão, o alerta nunca lhe precedem, pois ele é a própria luta, relembrada num de seus títulos de pronúncia mais evitada:

“Baba O’Lorogun”, literalmente “pai da guerra”. O Orixá que carrega todas as armas, ora caçador, ora
rei, ora a guerra, mantém relações também com Yemanjá, pois ela é responsável pelo equilíbrio, o principio ancestral, o mundo só é inteligível, graças àquela que mantém as
nossas cabeças (ìyá Orí) que suaviza a sua chegada.

Com Jagun forma talvez a parceria mais intrigante, caminham juntos e às vezes se confundem entre si,
guerreiros inseparáveis.

Com Airá, o conhecimento da impulsividade, dando a este exatamente o oposto, os dois lados da moeda, julgar pela razão e não pela emoção.

Com Nàná a grande Iyabá se confraterniza, a grande metáfora vida e morte.

Òsògìyán representam o começo da humanidade, o sol nascente, a vida que chega no primeiro raio de sol, o Pai do dia.



Òrìsà Ògìyán – Òrìsàjìyán – Orixá – Comedor de Inhame Pilado
Senhor do Igí Opè Íwìn, Akinjolè, Babá Ikíre, Babá Epè, Babá Eléèjìgbò, Ajagúna, Ògìyán, Òsáàlá, com tantos nomes que pode ser conhecido, reverenciado e amado.


“E mo rí ó, e mo rí Ifá ó.” – “Eu vi, eu vi através de Ifá”. (Somente Ifá pode propiciar)
“Òòsààlà ki àwa àwúre”, “Oxalá nos dá boa sorte”
Babá mí Òsògìyán, mò jùbá, mutun’bá, Àwúre, Sua Benção

2º Parte

Òsògìyán: O Pai da Guerra e Seu Papel na Cosmologia Afro-Brasileira

Òsògìyán, conhecido como Baba O’Lorogun ou pai da guerra, é uma figura central na mitologia afro-brasileira, um Orixá que encarna a luta, a determinação e a incessante busca pela vida. Carregando em si todas as armas e simbolizando a constante batalha que é a existência, Òsògìyán é não apenas um guerreiro, mas também um elo vital entre diversos Orixás e elementos da natureza. Sua presença é um lembrete da dualidade da vida, onde a guerra e a paz coexistem em um ciclo interminável.

A Relação com Outros Orixás

A relação de Òsògìyán com Yemanjá, por exemplo, é emblemática: enquanto Yemanjá representa o equilíbrio e a suavidade, Òsògìyán é a força bruta que desafia as adversidades. Juntos, eles representam a harmonia necessária para que a vida possa prosperar. A figura de Jagun, um guerreiro inseparável, também se entrelaça com a de Òsògìyán, simbolizando a união de forças que, apesar de suas diferenças, caminham lado a lado.

A relação com Airá é igualmente intrigante. Airá, que encarna a impulsividade, é equilibrado pela razão de Òsògìyán, mostrando que a sabedoria e a emoção devem coexistir para que decisões eficazes sejam tomadas. Com Nàná, a grande Iyabá, a metáfora da vida e da morte é representada, mostrando que, embora a guerra possa trazer destruição, ela também é um precursor da renovação e do renascimento.

O Papel de Exú e a Celebração da Vida

A celebração e a articulação da vida são evidentes na conexão de Òsògìyán com Exú, o mensageiro e guardião das encruzilhadas. Juntos, eles representam a complexidade da existência, onde a discórdia e a confusão podem também ser catalisadores de vitórias e conquistas. É através dessa dança entre o caos e a ordem que a vida se manifesta, e Òsògìyán é o ativo participante dessa jornada.

A Origem da Humanidade e o Ciclo da Vida

Òsògìyán também simboliza o começo da humanidade, o sol nascente que traz a vida com seu primeiro raio. Ele é o Pai do dia, aquele que promove a guerra, mas que também nos ensina sobre a importância da luta pela sobrevivência. O contato com os elementos naturais — água, fogo, terra, vento — revela a conexão profunda entre os seres humanos e o divino, onde cada elemento carrega seu próprio axé, ou energia vital.

A Interação com Outros Orixás e o Cosmos

A relação de Òsògìyán com Odùduá, a matriarca da terra, e com Olúfón (Oxalufan), responsável pelas festividades das Águas de Oxalá, evidencia a continuidade do ciclo da vida. As celebrações, como o Pilão de Òsògìyán, simbolizam a renovação e a partilha, reforçando a ideia de que cada batalha travada resulta em um novo começo.

Além disso, com Orunmilá, Òsògìyán testemunha os odús da humanidade, as histórias e os destinos que se entrelaçam na tapeçaria da vida. A conexão com Olorún traz uma reflexão profunda sobre a existência, permitindo que Òsògìyán questione e, ao mesmo tempo, apazigúe as inquietações humanas.

Conclusão

A figura de Òsògìyán, o Pai da Guerra, é um símbolo poderoso na cosmologia afro-brasileira. Ele nos ensina que a vida é uma luta constante, mas que cada batalha é uma oportunidade de crescimento e transformação. A interconexão entre Òsògìyán e outros Orixás ilustra a complexidade do mundo espiritual e material, onde a guerra, a paz, a vida e a morte coexistem em um ciclo eterno. Ao celebrarmos Òsògìyán, celebramos não apenas a força, mas também a resiliência e a capacidade de renovação que todos nós possuímos.

Òrìsà Òsògìyán (Oxaguian) no Brasil ou simplesmente Òrìsà Òsògìyán como ele mais gosta de ser chamado, Ewúléèjìbò “Senhor de Ejigbô” onde é tratado por Kábiyèsi, é um dos Orixás mais emblemáticos do culto de orixá. Sobre ele também recai uma série de segredos rituais guardados pelos terreiros, embora muitas coisas já se tenham escrito.

Acredito sim nessa complexidade em se cultuar o maior dos Orixás, pois sua energia é tão suave, tão magnífica, magnânima e tão sutil que nem todo mundo está preparado para se harmonizar e poder interagir de seu Axé.

Conta um itãn que Oxun Aiyan’lá, de acordo com uma de suas histórias, teria dançado pela primeira vez na presença de Òsògìyán e fez todo o mercado lhe acompanhar. É por este motivo que filhas de Oxun Aìyan’lá, a fim de agradar Òsògìyán, enviam clarins para homenagear o Orixá, ato que se pode observar em alguns terreiros antigos.

Os mitos afro-brasileiros sobre este ancestral nos permitem perceber que Oguian liga-se a comida. A sua festa é o ponto culminante do chamado Ciclo das Águas, representado pelos inhames novos presenteados pela terra após um período de dificuldades. Òsògìyán, assim, é o dono do inhame. É ele quem garante o nosso sustento de cada dia representado pelas raízes, conhecido por Orixá comedor de inhame pilado (Oxaguian), pois inventou o Pilão para melhor preparar seu prato favorito.

O Grande Òsògìyán em momentos de crise representa a estabilidade; em ocasiões de guerras, a estratégia; na tristeza é a alegria, no fim é o recomeço, é o Orixá de todos os momentos. De acordo com suas histórias, ele teria passado em Irê, a terra de Ògún, e graças à sua inteligência idealizou armas forjadas pelo grande ferreiro.

A amizade entre o povo de Ejigbô foi tanta que Ògún, certa ocasião, se ofereceu para ir à frente de uma batalha lutar pelo povo de Ògìyán que na volta foi aclamado Senhor vestindo-se de branco.

Diz-se também que o Orixá que adora inhames é amigo inseparável de Oyá e dela ganhou os Atorís, com quem anda sem pisar no chão, levado pelo vento que lhe conduz a todos os lugares. Por isso, filhos dessa Orixá se sentem plenamente atraídos por estarem perto dos filhos deste Orixá.

Osogiyan põe um ponto final no fim e inaugura aquilo que é infinito, pois diante dele tudo é recomeço. Òsògìyán é o Orixá do renascimento, tudo que forma um ciclo se mantém graças a ele. Este é o motivo pelo qual no dia a ele consagrado se realiza uma pequena procissão.

Ele representa a volta para a casa, a estabilidade dos grupos que até então vagavam sem destino. O terceiro Domingo do ciclo das Águas de Oxalá é representado pelo Ojó Odò (dia do Pilão) de Òsògìyán, pois fecha o ciclo de renovação da existência.

Com o Orixá Sàngó, coluna central do culto reorganizado no Brasil pelos Yorubas e seus descendentes, Ògìyán se relaciona como outrora os reinos de Ejigbô e Ifon estavam ligados à Oyó, fato relembrado pelo pilão, instrumento de vital importância para a fixação dos grupos na terra.

Se o pilão é o centro do mercado, a mão de pilão é o instrumento que repete o movimento que liga o céu à terra, garantindo a nossa permanência através da comida, do inhame dado em forma de presente por Osogiyan.

O pilão como o ferro ilustra uma nova etapa da história da humanidade. A partir dele, pode-se falar em comidas mais elaboradas, preparar a farinha e conservar melhor os alimentos. O Pilão representa a justiça, o equilíbrio provocado pelas duas bocas do pilão, seus Ìsáns representam o poder ligado a Irôko, ancestralidade, vida e morte, a espada representa a luta diária pela paz social.

Òsun é verdadeiramente o coração de Osogiyan, dizem os antigos que Òsun é sua menina dos olhos. Ela dança também para ele. É Òsun quem vai à frente das mulheres da terra de Ijexá que inventaram um tipo de tambor apenas tocado por elas.

Instrumento na sua origem feminino como as cabaças, cujo som remete ao mesmo produzido na vida uterina. Oxun teria ensinado estes sons para a humanidade, escutando a sua própria barriga. Mantém relações também com Ewá, ilustrada através de uma das passagens míticas mais emblemáticas.

Ewá, aquela que tem o poder de transformar-se em qualquer coisa, lhe teria salvo da morte, garantindo assim a continuidade do ciclo da vida.

Osogiyan, como já falamos, relaciona-se também com os Orixás caçadores e caçadoras. Daí a sua relação com Òsóòsì, considerado líder e cabeça da grande caçada. Com Òsanyìn interage estrategicamente com o pássaro, as magias e todo tipo de feitiçaria. Òsò, prefixo de seu nome, estabelece a parceria, o sumo da folha, etc.

Com Obà divide a essência guerreira feminina/masculina, a guerra através dos sentimentos do coração, do amor e da paz.

Osogiyan anda através de passos mais rápidos, determinados. Em guerra constante, a prontidão, o alerta nunca lhe precedem, pois ele é a própria luta, relembrada em um de seus títulos de pronúncia mais evitada: Baba O’Lorogun, literalmente pai da guerra. O Orixá que carrega todas as armas, ora caçador, ora rei, ora a guerra, mantém relações também com Yemanjá, pois ela é responsável pelo equilíbrio, o princípio ancestral, o mundo só é inteligível, graças àquela que mantém as nossas cabeças (ìyá Orí) que suaviza a sua chegada.

Com Jagun forma talvez a parceria mais intrigante, caminham juntos e às vezes se confundem entre si, guerreiros inseparáveis.

Com Airá, o conhecimento da impulsividade, dando a este exatamente o oposto, os dois lados da moeda, julgar pela razão e não pela emoção.

Com Nàná, a grande Iyabá se confraterniza, a grande metáfora vida e morte.

Òsògìyán “Òòsààlà ki àwa àwúre”, “Oxalá nos dá boa sorte”
Babá mí Òsògìyán, mò jùbá, mutun’bá, Àwúre, Sua Benção

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